Camaquã registra prejuízo de R$ 88 milhões devido a estiagem
Segundo a Emater, a seca gerou uma perda de 60% sobre a área de milho plantado na região
Nesta quinta-feira (02), o Governo de Camaquã e entidades ligadas ao setor primário decidiram decretar situação de emergência no município devido à estiagem.
Na manhã desta sexta-feira (03), o extensionista da Emater Emerson Porto, em entrevista para a Clic Rádio destacou os reflexos desta crise na região.
Conforme o extensionista: o Executivo e as entidades só decidiram pela decretação em razão dos requisitos de perda nas produções estabelecidos pelos governos Estadual e Federal e que ainda não haviam sido atingidos.
Uma das principais culturas do município, a soja, foi crucial para as entidades decidirem pela decretação de situação de emergência, segundo o engenheiro, com dados exclusivos.
Cultivo com a maior extensão de área plantada em Camaquã, a soja teve perdas que variam de 20 a até 60%.
A Emater estimou prejuízos de mais de R$ 88 milhões nas culturas do milho, do feijão e, principalmente, da soja.
Com o decreto, o Município poderá receber mais auxílios do Estado e da União para minimizar os danos causados pela estiagem.
Já, os produtores que sofreram com as perdas poderão renegociar dívidas mais facilmente.
Laudo técnico
A Emater elaborou um laudo, apontando os prejuízos do setor agropecuário em decorrência da estiagem em 2023.
Conforme o levantamento, as perdas como falta de água para abastecimento humano e animal, que se revelam nas diversas solicitações feitas na Prefeitura Municipal.
A atividade Agropecuária apresenta, nas diversas localidades do município, até o momento, prejuízos que tendem a agravar-se caso a situação de estiagem persista.
Segundo os dados estimados pela Emater em parceria com a Prefeitura de Camaquã e Instituto Rio-Grandense do Arroz (IRGA), tem-se os seguintes prejuízos:
Cultura do Milho:
Milho Grão:
A expectativa de produção era de 4,2 toneladas (tonelada)/hectare (há), sendo 2.860 implantadas até dezembro, mas a estimativa de produção caiu para 2,52 ton/há.
Essa queda representa 60% de perda sobre essa parcela e 30% de perda sobre a área total de 4.680 hectares.
Assim, de 20,3 toneladas, a produção atual passa a ser de 8.16, gerando uma perda produtiva de 8,14, que ao preço local/regional de R$ 1,51/kg (conforme preço informado pela COOPAR -Cooperativa Mista dos Pequenos Agricultores da Região Sul), representa um prejuízo de R$ 12.297.968,50.
Milho silagem:
A área implantada até dezembro já possui prejuízo manifesto, de modo que a produtividade inicial de 25 ton por hectare, passa a ser de 10 ton, representando uma perda de 40% sobre essa área e de 50% sobre a área total.
Assim, sobre a estimativa inicial de 7500 ton de silagem, atualmente a produção estimada é de 3750 ton, de modo que 3750 ton deixaram de ser produzidas, gerando um prejuízo financeiro de R$ 2.250.000,00, considerando o valor atual de R$600,00 da tonelada.
Cultura da Soja:
A soja cultivada em áreas arrozeiras é de 31.247 ha , e segundo projeção do IBGE, o município possui uma área total de 35.000 hectares de soja, com uma estimativa inicial de 3 toneladas por hectare, de acordo com a média produtiva dos últimos anos e informativo IPAN da Emater, o que gera uma expectativa inicial de 105.000,00 ton.
Nesta análise, 3.753 ha correspondem a plantio de rotação de culturas.
Devido à estiagem, se estima uma perda produtiva de 18 % até o momento, percentual que pode aumentar nas próximas semanas.
Essa perda representa 7.650.000 kg que deixarão de ser produzidos, que ao valor atual de R$ 2,80/kg conforme preço informado por 3 Tentos, soma um prejuízo no valor de R$ 52.920.000,00.
Portanto, conforme o levantamento, estimamos uma perda total na produção do município de R$ 88.047.968,50 aos agricultores atingidos.
Confira a entrevista na íntegra: