AO VIVO: vizinha de Bernardo pede para depor sem a presença dos réus
Juçara Petry, que acolheu o menino como se fosse seu filho, é a primeira testemunha a depor nesta terça; “Cidade inteira procurando o menino e o pai foi para a Argentina fazer compras”, disse Juçara
O júri do Fórum de Três Passos retoma nesta terça-feira (12) o julgamento dos quatro acusados de assassinar o menino Bernardo Boldrini, morto há quase cinco anos. O pai, Leandro Boldrini, e a madrasta, Graciele Ugulini, foram presos pelo crime, assim como Edelvânia e Evandro Wirganovicz — eles respondem por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
Juçara Petry, a quem Bernardo adotou afetivamente como mãe, é a primeira testemunha a depor. A pedido, ela depõe sem a presença dos réus.
Confira algumas das afirmações ditas no testemunho de Juçara nesta manhã:
– Indagada se o fato de ter afirmado que Leandro não tinha amor por Bernardo era uma percepção, Juçara confirma e questiona: “pai que não dá comida, roupa, remédio, não tem amor, né?”
– Em um Dia dos Pais Bernardo quis ir para casa dela e foi. Ele não queria ficar com o pai. Diz que ele não falava sobre a relação familiar. Foi um dia depois do vídeo gravado por Bondrini que o menino pede socorro.
– Juçara diz que depois da audiência no Judiciário a situação familiar piorou. Lembrando que ela pediu ajuda e o juiz e a promotora da época mantiveram a guarda dele com o pai.
– Juçara lembra que a filha dela recebeu ligação de Leandro na época do suposto desaparecimento da criança e estranhou, “porque ele não ligava nunca”.
– Sobre suposto desaparecimento de Bernardo, Juçara diz que achava que ele tinha fugido.
– “Cidade inteira procurando o menino e o pai foi para a Argentina fazer compras”, diz Juçara.
– Juçara diz que não lembra de Leandro ligar para o menino quando ele estava na casa dela.
– Juçara diz que ninguém da família ia nos aniversários de Bernardo na escola.
– Juçara diz que Bernardo nunca mostrou presente ganho do pai de aniversário.
– Juçara diz que Leandro só ligou uma vez para ela durante o suposto desaparecimento de Bernardo.
– Juçara: Bernardo era franzino, meigo, honesto. Nunca levantou a voz para ninguém lá em casa. Nunca retrucou ninguém. Era dócil. Ele queria que as pessoas se sentissem bem. Jamais foi esquizofrênico, explosivo.
– Juçara: ele chegava a esperar na sala para a gente levar ele no quarto, porque ele queria carinho.
– Juçara diz que no Dia das Mães, Bernardo convidou ela, porque sabia que Graciele não iria.
– Juçara diz que Bernardo ficava também na empresa dela e fazia os temas. “Ele era tratado como um filho nosso”.
– Juçara: ele confessou que tinha errado de propósito a tabuada, porque se ele acertasse o Tio Carlinhos não ia mais ensinar ele. Isso doeu.
– Juçara disse que Bernardo mostrou o certificado de primeira comunhão ao pai e reclamou que Boldrini não tinha participado.
– Juçara diz que na época da lesão do menino com o aparelho dentário, Graciele disse a ela: que ele vá à merda e que fure a boca.
– Juçara diz que ela comprou as roupas para a primeira comunhão de Bernardo e fez a festa dele. Diz que ninguém da família apareceu.
– Juçara lembra que Bernardo era bem religioso. Gostava de ir à igreja. Diz que ele mesmo se inscreveu na catequese.
De acordo com o Tribunal de Justiça, o julgamento deve durar cinco dias. A Brigada Militar (BM) preparou um esquema de segurança para evitar a aglomeração de pessoas nas proximidades do prédio.
Na segunda-feira (12), duas testemunhas prestaram depoimento: as delegadas Caroline Bamberg Machado, que falou por cerca de quatro horas e meia, e Cristiane de Moura e Silva, que depôs por mais de três horas. O site do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ) transmitiu imagens ao vivo do julgamento.