A despedida do comandante
Tenente Coronel Jorge Ricardo Ferreira deixa o comando do trigésimo Batalhão de Polícia Militar de Camaquã. Ele completa 57 anos nesta quinta-feira (16) e consequentemente tem a aposentadoria compulsória.
A promissora carreira policial de Jorge Ricardo Ferreira começa no dia 21 de julho de 1980 ao ingressar na Academia de Policia Militar do Rio Grande do Sul. O Porto-alegrense, nascido em 16 de abril de 1958, formou-se aspirante a oficial em 21 de julho de 1980.
ASSISTA A ENTREVISTA EXCLUSIVA COM JORGE RICARDO FERREIRA. ELE FALA SOBRE SUA CARREIRA MILITAR:
Aluno Oficial ingresso em 1980 (foto: Arquivo Pessoal)
No dia 19 de novembro de 1983, Ferreira passou a integrar o Batalhão da cidade de Novo Hamburgo, na região metropolitana de Porto Alegre. Passados seis meses de trabalho, ele é promovido no dia 27 de abril de 1984 á segundo tenente, e após dois anos na cidade, é transferido para Pelotas.
Aspirante Oficial em 1983 (foto: Arquivo Pessoal)
Na cidade da zona sul do Estado, Ferreira permaneceu por apenas seis meses, tempo suficiente para demonstrar confiança aos seus superiores. Confiança esta que resultou o reconhecimento. Foi oferecido o destacamento de Tapes o qual foi assumido por ele no dia 7 de agosto de 1986. Na cidade litorânea, o então Tenente trabalhou por dois anos e meio e neste período acabou sendo promovido a primeiro Tenente.
Assumindo o comando do Pelotão de Tapes em 1986 (foto: Arquivo Pessoal)
E foi com esta promoção que Ferreira iniciou a sua trajetória na comunidade camaquense em novembro de 1989. Tinham duas vagas para atuar como primeiro tenente na região. Uma em Pelotas e outra em Camaquã. Ele optou pela terra que o acolheu tão bem até hoje.
Recebendo a promoção a Tenente em 1990 (foto: Arquivo Pessoal)
Não saiu mais daqui. Enfrentou vários episódios dos mais complicados aos cômicos. Lembra até hoje dos assaltos a bancos na região, das enchentes que atingiram a cidade e de um senhor que jurava ter sido perseguido por um disco voador em uma estrada do interior, e que na verdade, não passava de uma das viaturas com as luzes do teto ligadas se deslocando atrás de seu carro.
Chegada da Chama Crioula em frente ao batalhão em Camaquã em 2000 (foto: Aquivo Pessoal)
Foi aqui que a carreira fortaleceu ainda mais. Em 1994, promoção para Capitão e em 2001, chega a Major. Nesta época, o comando do batalhão era de responsabilidade do então Tenente Coronel Odiomar Luiz Bitencourt, que permaneceu no cargo até setembro de 2009. Com a transferência de Bitencourt para Pelotas, Ferreira assume a tarefa de comandar o 30 BPM, tarefa essa exercida com muita dedicação até esta quarta-feira, dia 15 de abril de 2015.
Solenidade de entrega de viaturas em frente a prefeitura em 2003 (foto: Arquivo Pessoal)
A aposentadoria compulsória chega na véspera do aniversário comemorado hoje , dia 16 de abril. Uma regra na carreira militar que precisa ser respeitada, caso não exista a possibilidade de promoção.
Desfile da semana da pátria em 2003 (foto: Arquivo Pessoal)
Último dia de trabalho
O desafio foi tentar encarar o último dia de trabalho como mais um dia de tantos ao longo de anos. Antes de sair de casa, Ferreira foi questionado pela esposa Sandra. “Ela me perguntou como eu estava me sentindo e como eu achava que seria o meu último dia no batalhão. Eu respondi que não vou pensar que estou me despedindo. É mais um dia de trabalho. Saio tranquilo, pois estive por anos no lugar que eu gosto com as pessoas que gosto”.
Ferreira atuou por anos a frente do batalhão de Camaquã (foto: Eduardo Costa/Clic Camaquã)
Durante a entrevista, o telefone não parava de tocar. Uma das mensagens era do filho mais velho, Pedro, que também segue a carreira militar em Porto Alegre. Nela, o soldado do CInt pede desculpas por não poder estar presente no último dia de trabalho do pai.
Na parede, as homenagens recebidas ao longo de anos de trabalho (foto: Eduardo Costa/Clic Camaquã)
Mas não teve como levar o dia de maneira normal, pois a emoção tomou conta. Dentro de seu gabinete, a farda que antes era sua segunda pele foi deixada em um cabide e uma camisa, uma calça jeans, usados por qualquer cidadão comum foi vestida. E assim deverá ser pelos próximos dias, pelos próximos anos.
A emoção tomou conta durante a despedida em frente ao batalhão (foto: Brigada Militar)
Em frente à sede do batalhão, um corredor humano foi feito pelos colegas de farda. Enfim, chegou a hora da despedida. O momento em que marca o fim de um ciclo e o início de outro. Jorge Ricardo Ferreira passa o comando nesta quinta-feira (16) para o Major Claudio Alonso que atua na cidade de São Lourenço do Sul e pretende se dedicar ainda mais a família. Com a implantação das câmeras de vídeo monitoramento em Camaquã, ele já se colocou a disposição da prefeitura para auxiliar neste trabalho, que vai contribuir com a atuação do batalhão que ele defendeu por anos.
A emoção tomou conta durante a despedida em frente ao batalhão (foto: Brigada Militar)
Ao lado da esposa Sandra (foto: Brigada Militar)
