Conheça a dona Angela, recicladora de Camaquã que sustenta família há trinta anos
Reportagem conversou com a recicladora que sustenta marido deficiente e familiares há trinta anos apenas com a reciclagem
Nesta semana, a reportagem do Clic Camaquã conversou com a dona Angela, recicladora há mais de trinta anos, com uma história de muita garra e determinação para tirar o sustento daquilo que muitos consideram inútil: o lixo. Aos 55 anos, ela trabalha diariamente nas ruas da cidade fazendo esta coleta seletiva.
Com seu carrinho, Angela sustenta seu marido, que é deficiente físico, além de por muito tempo também prover para os dois filhos do casal, que hoje já moram sozinhos. Trabalhando oito ou mais horas por dia e sete dias por semana, Angela realiza a coleta e revende para locais em Camaquã.
A recicladora relatou que a maior dificuldade é encontrar os materiais e destes, ela tira todo o sustento da família.
Enquanto ainda é recomendado para as pessoas da maioria dos países que fiquem em casa o máximo possível durante a pandemia do Covid-19, algumas profissões não podem se dar a esse luxo. Os catadores de materiais recicláveis são um exemplo. Eles dependem de seu trabalho diário nas ruas para seu sustento e de sua família, colocando-os em perigo de serem contaminados.
A estimativa é que existam cerca de 800 mil catadores ee catadoras em atividade no país, a maior parte dos catadores são do gênero feminino, cerca de 70% da categoria. Os catadores são responsáveis pela coleta de 90% de tudo que é reciclado hoje no Brasil.
Há diversas estimativas de catadores variam entre 300 mil a 1 milhão de pessoas sobrevivendo da coleta de materiais recicláveis, segundo levantamento do MNCR e Departamento de Economia da Universidade Federal da Bahia.
Os catadores
Os catadores de matérias reutilizáveis e recicláveis desempenham papel fundamental na implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), com destaque para a gestão integrada dos resíduos sólidos. De modo geral, atuam nas atividades da coleta seletiva, triagem, classificação, processamento e comercialização dos resíduos reutilizáveis e recicláveis, contribuindo de forma significativa para a cadeia produtiva da reciclagem.
Sua atuação, em muitos casos realizada sob condições precárias de trabalho, se dá individualmente, de forma autônoma e dispersa nas ruas e em lixões, como também, coletivamente, por meio da organização produtiva em cooperativas e associações.
A atuação dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, cuja atividade profissional é reconhecida pelo Ministérios do Trabalho e Emprego desde 2002, segundo a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), contribui para o aumento da vida útil dos aterros sanitários e para a diminuição da demanda por recursos naturais, na medida em que abastece as indústrias recicladoras para reinserção dos resíduos em suas ou em outras cadeias produtivas, em substituição ao uso de matérias-primas virgem.v