Pai e filho ganham a vida com coleta de lixo reciclável em Camaquã
Antônio e Gustavo Ulguim percorrem as ruas do Centro da cidade recolhendo caixas de papelão e outros materiais
Pai e filho trabalham lado a lado para garantir o sustento da família. O senhor Antônio Ulguim, de 50 anos e seu filho Gustavo (18), percorrem as ruas da cidade de Camaquã recolhendo materiais recicláveis.
A família do senhor Antônio é composta por quatro pessoas, ficando sob a responsabilidade dele e do filho mais velho garantir a sobrevivência de todos. Os dois acordam cedinho e iniciam o dia cansativo de trabalho na bicicleta que puxa uma carrocinha.
A pausa acontece apenas para o almoço e em seguida a dupla já está nas ruas a procura de caixas e outros materiais recicláveis. Além do papelão, eles recolhem objetos de plástico.
Efeito Covid-19
Mesmo realizando suas atividades na maior parte do dia, eles conseguem receber em média, R$200 por semana. O senhor explicou que antes da pandemia de Covid-19 conseguiam recolher uma quantia de materiais maior, aumentando a renda da família.
O fechamento do comércio resultou em um grande impacto na vida da família do senhor. Com as lojas fechadas não havia o que recolher. Mesmo com a reabertura do comércio, as empresas estão comprando pouco, o que continua refletindo no trabalho do pai e filho.
Antônio comentou que tem uma filha que precisa de atenção, por ter um problema de saúde. A condição da menina impede que a esposa possa trabalhar fora de casa.
“Eu fico muito orgulhoso do meu filho. Ele me ajuda direto”, afirmou Antônio sobre a contribuição do filho. O rapaz de 18 anos, está alistado no Exército e de repente pode ser convocado para servir.
A possibilidade de perder o companheiro de trabalho não abala o senhor de 50 anos. Ele afirmou que está torcendo pelo filho, pois é um sonho do rapaz seguir carreira no quartel.
Preconceito
Entre uma conversa e outra, o trabalhador relatou o dia a dia deles. Percorrendo as ruas da cidade, Antônio e o filho lutam pelo sustento da família. E são nestas mesmas ruas, que a dupla se depara com situações que causam constrangimentos.
“A gente atura muita ignorância das pessoas”, relatou Antônio. Ele informou que algumas pessoas falam mal de seu trabalho e comentou que já chegou escutar diversos tipos de xingamentos.
Infelizmente esta é uma realidade que muitos trabalhadores enfrentam. Mesmo desempenhando um trabalho digno e importante para o meio ambiente, estes trabalhadores ainda precisam lidar com o preconceito.
Matéria elaborada a partir de entrevista do repórter Igor Garcia.