O esgoto necessita de ser tratado
A ideia do tratamento do esgoto sanitário, surgiu praticamente no século XVIII. Inicialmente com os povoados e as cidades utilizando as ruas e os caminhos como receptora das águas servidas, normalmente utilizando valas laterais das ruas, posteriormente esses valos foram substituídos por canos escondendo ali o esgoto, mesmo assim acabava sendo lançado em um manancial; nascentes, sangas, arroios etc.
Nessa época a diluição e o poder natural dos mananciais eram suficientes, mas a população cresceu e esses receptores dos esgotos não tinham mais capacidade da autodepuração. Nesse período cresceu os casos de poluição atingindo as populações ribeirinhas, surgiu assim, a necessidade de novos métodos de trato desse efluente, dessa maneira foram surgindo novos estudos e as próprias legislações foram se adaptando a nova realidade.
De uma maneira geral nossos mananciais estão recebendo cargas orgânicas imensas, misturados com resíduos sólidos e químicos de muitas origens. Nossos rios estão se deteriorando e perdendo sua vitalidade pela Eutrofização (condição de desenvolvimento intenso de Algas devido ao aumento da Matéria Orgânica). Os Oceanos seguem o mesmo caminho e tudo isso com uma rapidez assustadora. Lembramos que os esgotos também recebem resíduos de defensivos agrícolas e químicos dos remédios, produtos de limpeza, higiene, etc.
As águas servidas são perigosas porque carregam também microrganismos patogênicos, que normalmente chegam a elas, através dos excrementos humanos e animais e são representados por bactérias, protozoários, vírus, fungos e, inclusive, diversos tipos de helmintos, seus ovos e suas larvas
O esgoto misto aparenta solução por que esconde o problema, mas com o tempo fica demonstrado que essa medida cria problema grave de poluição com o mau odor nas bocas de lobo, contaminação do ambiente com as enchentes e deterioração da tubulação pela geração de subprodutos das fermentações, principalmente no verão. Salientamos ainda, que, com o tempo, a deterioração da tubulação, vai causar os afundamentos das calçadas e ruas, porque esses tubos de concreto porosos, não estão preparados para receber essa mistura.
Os tratamentos primários e secundários representados pelas fossas e sumidouros, que se utilizou por muitos anos, foram substituídos por fossa e filtro, também insuficientes pelo descontrole da manutenção, que quase sempre acontece por ser um serviço difuso. Finalmente estão aí as ETEs (Estações de Tratamento de Esgoto) e os separadores absolutos, que vem, para adequar a realidade dura que temos, às melhorias que necessitamos. Estamos no início dessa caminhada, muitos obstáculos existem, mas a falta de vontade se destaca sobre tudo, mesmo que o custo seja alto, teríamos que iniciar o processo. Não dá mais para transferir esse problema gigantesco. Os esgotos sem tratamento, segundo a mídia, são responsáveis por 70% das internações hospitalares, causados por infecções intestinais, doenças parasitárias e diaréia. Apresentamos um assunto que deve ser discutido nas Associações dos Bairros, nos grupos de amigos e na sociedade como um todo. Pensem nisso e continuem a nos prestigiar.