Watergate, agora duplo
Ainda estava na Faculdade de Direito quando Richard Nixon, então Presidente dos Estados Unidos se reelegeu para novo mandato. Era início dos anos 70, e ele fora eleito a 1ª vez em 1968. Após sofrer derrotado por John Kennedy em 1960 que, assassinado em 23.11.1963 foi substituído por Lindon Johnson.
Nixon sofreu um processo de “impeachment” e renunciou ao mandato antes de ser cassado pelo Congresso Americano. Seu crime? Nada de propina, de corrupção ativa ou passiva, de lavagem de dinheiro. Apenas ter autorizado uma escuta clandestina dentro da sede do partido Democrata, durante a campanha eleitoral que concorria à reeleição.
Agora outro Republicano, como aquele, governa os EEUU. Truculento, folclórico, prepotente e destemperado, Donald Trump está sob ameaça de um processo de “impeachment” por ter tentado amenizar uma investigação que estava sendo feita sobre seu relacionamento com o Governo Russo durante sua campanha eleitoral. Provavelmente não emplacará um ano de mandato, posto que, na grande nação do norte, as instituições são sérias, rígidas, não admitem intervenção para ofuscar a Justiça.
Mas, ante as notícias que foram divulgadas no nosso País no início da noite da última quarta-feira, decorrente de dados obtidos pelos Procuradores que atuam na OPERAÇÃO LAVA JATO, através da delação de dois grandes empresários, Wesley e Joesley Batista, donos da empresa JBS, parece que a República vai ruir, também por aqui.
Pelas denúncias citadas, que segundo o Jornal O GLOBO tem gravações feitas por um dos empresários, o Senador Aécio Neves, do PSDB, teria solicitado dois milhões de reais, agora nestes tempos, para sustentar sua defesa. Assim o Ministro daquela Corte Suprema, Edson Fachin determinou o afastamento do Senador de seu mandato e, também, do Deputado Federal Rodrigo Rocha Loures, do PMDB, pelo mesmo fato que a dupla teria atuado. Mais: o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, pediu que, além do afastamento, os dois parlamentares fossem presos preventivamente. Pedido por ora não foi deferido pelo Ministro do STF.
Outra parte da delação aponta o Presidente Michel Temmer, como conivente em pedido aos dois empresários para compra do silêncio do Deputado cassado Eduardo Cunha, do PMDB, mesmo após este estar preso. Se tal aconteceu, o Presidente está “enrolado”. E pode sair daí o Watergate tupiniquim. Impedimento presidencial por tentar interferir em investigações judiciais. Sempre repito: os políticos brasileiros não assimilaram a lição de Júlio César para sua mulher, no ano 45 AC: “não basta ser sério; tem de parecer sério”. Antes, durante e depois do mandato.