Se todos os homens do mundo

Leia a coluna de Nelson Egon Geiger, advogado e comentarista de toda quarta-feira no programa Bom Dia Camaquã, transmitido através da Clic Rádio.
“As tragédias começaram com o dilúvio, como narrado no Gênesis. Mas houve muitas. Naturais e outras provocadas pelo homem. Em Porto Alegra agora ultrapassou 1941. O que serviu para mostrar a grande solidariedade dos camaqüenses com seus irmãos de lá”.
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A solidariedade é maior exemplo de nosso Estado no momento. Entidades privadas, organizações, clubes, associações e grupos de pessoas se dedicam a atender às vítimas da enchente, que estão em Porto Alegre e arredores, com sede, fome, sem casas, sem higiene; mal de saúde.
A mais famosa cheia que hostilizou Porto Alegre foi a de 1941. Na época a Capital tinha 272 mil habitantes; tamanho de Pelotas hoje. Desta forma, os estragos foram inferiores na proporção. A água chegou, na época, ao “Largo dos Medeiros”, esquina da Rua da Praia com a Gen. Câmara. Na atual subiu mais; o estuário do Guaíba teve maior elevação.
Em Camaquã entidades, como o Lions Clube, o Lions Universitário, os Rotarys, a Subseção da OAB, grupos formados por alunos de academias e tantos outros ajudando espontaneamente. Arrecadando água potável, confeccionando marmitas e outros tipos de alimentos fechados, material de higiene, roupas, agasalhos e mais do que tudo transportando para Guaíba a fim de ajudar, também, Eldorado e Canoas. Obrigação moral humana. Pois a obrigação legal compete ao Poder Público. Este às vezes atrapalha.
Mantimentos vindos do Governo de Santa Catarina foram trancados pelo DENIT na estrada por não ter licença de transporte e vir sem notas, como apresentou queixa pública o Governador de lá. Então o Ministério da Segurança Pública atrapalha. Trancaram uma clínica que estava se dedicando em atender as vítimas porque a Clínica não tinha água potável. O que quase ninguém tem em Porto Alegre. Então o Ministério da Saúde atrapalha. Quer dizer o Poder Público Federal atual é um estorvo. Não uma ajuda. Deixando de lado esses trapalhões, vamos à solidariedade humana.
Entre tantas catástrofes acontecidas no Mundo que os registros históricos nos permitem conhecer, a primeira delas foi Deus quem aplicou aos homens quando anunciou o Dilúvio. Salvaguardou Noé. “que era um homem justo e andava com Deus” (Gen. 6.9).
Algumas tragédias por culpa dos homens. Outras naturais. A do Titanic, em 1912 de que tratei há duas semanas teve o lado natural, um iceberg, além de parte da incompetência humana. A erupção do Vesúvio que destruiu Pompéia no ano 79 de nossa era. O vulcão Krakakoa na Indonésia em 1883, matando milhares de pessoas. As Torres Gêmeas em 11.09.2001 e Nova Iorque, apenas pela mão insana do terrorismo feito pelo homem.
O título deste artigo é uma homenagem à solidariedade dos irmãos camaqüenses com as vítimas de Guaíba, Eldorado, Canoas. Lembra um filme francês de 1956: “Si tous les gars du monde”. Havia um navio de pesca, meados do século XX no oceano Atlântico. Ocorreu uma peste, conseqüência de alimentação. Os tripulantes, com a virose iriam morrer sem atendimento rápido. O navio procurava retornas para a França.
Na época de rádio incipiente não conseguiam contato com as autoridades. Então depois de muita tentativa foram ouvidos por um radio amador, lá nos confins da Ásia. Este conseguiu passar a mensagem para outro na Rússia. O russo conseguiu falar com um americano nos Estados Unidos (isso em tempo de guerra fria quando imperava a espionagem e a contra espionagem em EEUU, URSS e o ocidente). Todos deixaram de lado as divergências ideológicas. Ao final a mensagem conseguiu ser passada para a França que preparou o local para chegada do navio e rápido atendimento dos tripulantes.
É isso aí; se todos os homens do mundo agissem assim (falo homem no sentido de humanidade) por certo haveria menos problemas nas tragédias e catástrofes. Não é verdade?
EDIÇÃO de 09 de maio de 2024.__.