A HISTÓRIA NÃO CONTADA DO BB DE CAMAQUÃ (XII) – Das Ordens de Pagamento ao PIX
“Da história das Cruzadas aos dias atuais, passou por todas as formas de remessa as ordens de pagamento. Imaginem a fabulosa história dos Templários chegar ao DOC, ao TED e ao PIX atual. E o fato local de um caixa executivo e um pedido desse serviço.
Ordens de pagamento. Designação para remessa de dinheiro de um local para outro. De uma cidade para outra. Até para o estrangeiro, o que é mais recente. Antigo serviço bancário. Quando ingressei no Banco o setor se chamava ORPAG.
Naquela época o cliente chegava ao balcão e solicitava o serviço. Cito o grande amigo Moacir Zanchet que antes de se estabelecer como comerciante em Camaquã era vendedor da empresa porto alegrense do ramo de ferragens, Eduardo Secco S/A. Fazia a zona sul do Estado, passando por aqui. Quando efetuava vendas com recebimento de valor ia ao Banco remetê-lo à sua empregadora, por ordem de pagamento.
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Solicitado o serviço e preenchida a documentação o cliente recolhia o dinheiro no caixa e ao final do expediente a remessa, que ia através de documento era expedida no Malote diário para a Capital, que a redistribuía para o destino. Coisa dias; ou pelo local destinado, semanas.
Pois é, mas historicamente esse tipo de serviço, prestado por terceiros para atender do remetente ao destinatário antecede à criação de bancos. Remonta às CRUZADAS cristãs formadas para Libertação da Terra Santa. Da Europa para a Palestina. Durante os séculos X e XI da era Cristã.
Os Cavaleiros Templários passaram a defender os peregrinos que utilizavam os caminhos que levavam à Jerusalém, depois que a 1ª Cruzada retomou a cidade em 1.099 DC. E nesse tempo iniciaram um serviço para os que passavam a morar na Terra Santa e perto dela. Levavam dinheiro que os parentes que estavam na Europa enviavam para os familiares viajantes. Mas, na verdade, recebiam o valor e não o portavam. Pelos emissários levavam a notícia da remessa e os que estavam nesses caminhos pagavam aos destinatários, cobrando uma taxa. Foram as primeiras ordens de pagamento. Também, os Templários criaram o 1º banco. O “Temple Church” em Londres funcionava como tal. O prédio até hoje existe no mesmo local há mais de 800 anos.
As “ordens de pagamento” da minha época de Banco levavam algum tempo para chegar ao destino. A mais rápida seria para Porto Alegre. O malote saído no final do expediente era aberto na manha seguinte no destino. Daí seguia ao setor e ser processado. Dois dias era muito rápido.
Para longe levava mais tempo. Mas, o desenvolvimento do Banco na década de 60 e na seguinte, meta do então Presidente da Instituição, Nestor Jost, permitiu o serviço daqui para os confins do País. Ainda havia os agentes: outros bancos, em locais que o BB não tinha filial.
Essa meta no ano de 1968 lançou o “caixa executivo”. Método que o caixa atendia ao cliente e processava o serviço. Contrário dos tempos em que o atendimento era no balcão e depois passava ao caixa para cumprir. Naquele ano o saudoso Luiz Carlos Moreira, eu e o José Carlos Faleiro Lopes fizemos um curso da nova modalidade em Santa Maria.
Bem, tinha um cliente que todos os meses mandava dinheiro para uma madeireira no Paraná. Certa feita chegou ao novo “caixa executivo” e solicitou: “quero fazer uma ordem de pagamento”. O funcionário perguntou: “para onde”. A resposta: “Paáto Braaanco, Paranáaa”. O caixa “para quem?” “Madeireira de Néeegri”. “Remetente?” Silvaaano.
À vista de tanta vogal bem aberta e espichada, o caixa comentou com o cliente: “Há com esse sotaque o senhor deve ser hebraico”. Não respondeu o italianão. “Há, então é judaico?”. Se ler este artigo o colega, já aposentado, sem dúvidas vai se lembrar. Não conseguiu apurar um sotaque italiano que emanava do cliente. Confundir italiano com “hebraico”???
POIS É; depois do advir o DOC, o TED e agora o rápido PIX, rápidos, instantâneos como o último, perdeu a graça o serviço bancário …..
EDIÇÃO DE 13 de outubro de 2021.__.