A esquecida lição de César
Tem sido surpreendente como a Justiça Federal, na Operação LAVA-JATO e seus desdobramentos está detendo, preventivamente, figurões da República. Semana atrasada foi a vez de um ex Ministro do atual Governo Henrique Eduardo Alves. Agora outro: Gedel Vieira Lima. Ambos do PMDB. Aquele do Rio Grande do Norte; o último da Bahia.
Em verdade as citadas prisões decorreram de garantir o processo. Em outras palavras, impedir que o detido fuja do País. Ocorre que cai muito mal para o Governo de Michel Temer.
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Nomeou Alves que teve de deixar o Ministério por ter sido denunciado. Como se não bastasse a denúncia, logo em seguida foi preso. Mantinha Gedel no Ministério e este se aproveitou do cargo para tentar influenciar outro Ministro, no caso das Cidades, para favorecer a liberação da construção de um Edifício, em Salvador, onde ele (Gedel) tinha adquirido um apartamento na planta. Quando “estourou” esta tentativa o Presidente o demitiu, a pedido.
Agora, Gedel foi preso preventivamente, por estar tentando impedir uma delação premiada. O que é pior, deixando claro isso em telefonemas para a esposa do delator. Incrível não é?
O baiano que já foi líder da Bancada do PMDB na Câmara Federal, durante a Presidência de LULA, tinha como vice-líder o nosso sempre lembrado, Deputado Federal Mendes Ribeiro Filho, o mais votado em Camaquã, durante seus três últimos mandatos da espécie. Mendes tinha uma especial consideração por Gedel, a quem apontava como grande negociador e excelente Deputado. Afirmava que Gedel tinha trânsito fácil com as Bancadas de todos os partidos. Quer daqueles que formavam a base parlamentar do Governo LULA; quer da oposição ao mesmo.
Segundo Mendes, o agora preso Gedel era ótimo negociador para conseguir do Governo que ele ajudava, junto com a ala podre do PMDB (leia-se Calheiros, Sarney, Barbalho, e outras figuras conhecidas), benesses administrativas. Era a opinião dele, Mendes Ribeiro. Nunca foi a minha, pois nunca me alinhei com o PMDB fora do Rio Grande do Sul.
Caso o saudoso amigo, falecido há quase dois anos, mas já afastado das atividades parlamentares e do Ministério de Dilma por mais outros dois anos visse o que se conhece hoje, por certo me daria razão. Era uma aliança (com o PT) espúria e não merecedora de aplausos. E esses líderes citados não traduziam o PMDB idealizado por Ulysses, Tancredo, Montoro, Mario Covas, Jarbas Vasconcelos e Simon. Em verdade os atuais, presos, ou mesmo alguns soltos, suspeitos e suspeitados nunca quiseram aprender a milenar lição de Júlio Cesar. Seriedade não pertence a eles.