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A Sombra na Frente de Casa


Por Redação/Clic Camaquã Publicado 26/05/2019
 Tempo de leitura estimado: 00:00

Luuuiis Claaaudiiiôôôôôô!!! Este era o chamado que minha mãe lançava na vila em que morávamos na hora do almoço. Através desta atitude quase primitiva a mãe chamava seu filhote para junto dela. No que eu identificava seu timbre entre gritos de outras mães, eu largava o que estava fazendo e ia correndo em direção a minha casa.

Em algumas vezes em que eu não ouvi o grito, minhas orelhas é que sofriam entre seus dedos enquanto ela perguntava indignada: “Tu não ouviu eu te chamando guri???” Dentro da pequena cozinha de madeira que também servia como sala, as panelas ainda ardiam no fogo.

Antes do almoço minha mãe me dava um remédio muito ruim. Ela trazia um caixa amarela e pingava algumas gotas dentro de um copo com bem pouca água. O gosto era terrível, mas me dava uma fome que acho que até hoje não consegui saciar. Quase todos os dias era o mesmo cardápio: Arroz, feijão e algum legumecozido com um pouco de guisado de segunda. Sempre tinha uma salada apenas de tomate e cebola temperada com vinagre.

Um suco Jarrão que vinha em uns envelopes tão minúsculos, que até hoje não entendo como era possível colorir mais de um litro de água com aquilo,mas era com aquele pó e açúcar que a gente imitava um suco. Somente em alguns finais de semana o pai comprava um refrigerante, mas era apenas um copo para cada. Acho que é por isso tenho todos os dentes. Sobremesa? Não tinha. Mas quando era possível, ela preparava com muito carinho a melhor sobremesa do universo que até hoje eu gosto: ARROZ COM LEITE!!!

Depois da refeição, meu pai sempre dava uma cestiada antes de seguir para o trabalho. Eu mal terminava de comer e já perguntava para a mãe se eu podia ir brincar. Ela dizia que somente mais tarde quanto tivesse sombra. Então, sem muita paciência, ia para a janela da frente cuidar a sombra crescendo. Como minha casa era de madeira, a sombra ia se formando como um lento navio que abria com uma ponta de triângulo gigante, o mar de areia de meu pátio.

Depois de um tempo infinito esperando, finalmente a sombra já passava de um metro e minha mãe me liberava. Com meus carrinhos de plástico sem as rodas, eu começava a fazer estradas na areia formando estradas imaginárias. Conforme a sombra crescia, mais longe minha mente viajava em direção da calçada. Eu jamais poderia imaginar, que um dia estas estradas se tornariam reais e me levariam para tantos lugares.

Quando a sombra sumia, era sinal que a noite estava chegando. Eu recolhia meus carrinhos de plástico sem rodinhas, e entrava para dentro de minha casa. Um café preto me esperava com pão feito pela minha mãe que, mesmo sendo velho, era muito bom. Banho? Que nada. Eu só lavava os pés e ia deitar. Raramente fiquei doente. Quanto muito uma gripe forte no inverno que era combatida com chá de limão muito amargo, porque minha mãe fervia o limão.

Fui muito pobre sem dúvida nenhuma. Meio porquinho também né… mas fui muito feliz. E aquela sombra na frente de minha casa, foi como um manto sagrado e protetor que encantou meus inesquecíveis e alegres tempos de menino.

Luis Claudio Cezar e-mail: [email protected]


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