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A Mulher sem Face


Por Redação/Clic Camaquã Publicado 09/07/2019
 Tempo de leitura estimado: 00:00

Se eu decidisse escrever somente sobre os acontecimentos que testemunhei na INDIA, eu teria assunto para várias semanas. Mas vou dedicar esta coluna para recordar novamente os dias que passei como voluntário em um dos abrigos para os infelizes mendigos e abandonados de Calcutá. Após encontrar um Hotel que mais parecia  a mansão dos horrores. Um gato esquelético e cego  me seguia batendo nas paredes até as escadas do quarto andar no qual eu estava hospedado.

Os animais são assim, se eles encontram em você carinho, eles te amam. Aquele gato cego foi minha única companhia naquele terrível hotel. Pela manhã eu era acordado com um som estridente. Algum religioso que certamente não entendia nada de equipamentos de som, plugava o microfone nas caixas de som da rua com o som regulado no máximo. Então, do nada, era um susto quando o microfone era ligado e uma voz começa a entoar orações que mais parecem lamentos por uns poucos minutos substituídos em seguida pelos gritos das gralhas. Cada som é mais sinistro do que o outro.

Com minhas roupas sujas, pois não tinha lavanderia no Hotel, eu seguia  a pé ou de riquixá um veículo parecido por uma carroça que ao invés de um cavalo é puxado por um indiano esquelético e desnutrido. No primeiro dia, a Madre Superiora me enviou para um lugar que não lembro o nome.  Apesar de eu ser homem, ela me autorizou a permanecer com meu violão no alojamento das mulheres. 

O lugar era agradável e limpo. Um verdadeiro paraíso no meio do cáos. Aos poucos começavam a chegar aqueles corpos frágeis, sofridos, lentos,mas cercados de atenção e amparados  pelas jovens e sorridentes missionárias do bem que abandonaram tudo o que tinham no lado de fora daqueles muros, para se tornarem freiras. Dentre várias senhoras que ali estavam,  uma em particular me impressionou. Foi o rosto humano mais terrível que já vi o qual eu nunca mais esquecerei na vida. Uma senhora que calculei ter uns 50 anos ou  mais, não possuía os olhos.

A pele de sua testa sem sobrancelhas descia sem cicatrizes até as maçãs do rosto. Por baixo daquele tecido onde antes eram seus olhos, tremia algo que poderia ser nervos ópticos que antes, comandavam seus globos oculares. Para  piorar mais  ainda aquela visão de terror, ela não possuía as bochechas do lado direito deixando à mostra seus dentes exibindo naquela máscara sinistra um sorriso falso e assustador. Se existe compaixão no meu coração, ele foi todo exposto naquele momento.

Esqueci daquela visão e tive a presença de espírito para perceber que em minha frente, estava um ser humano. Toquei violão para ela e, sem qualquer repulsa ou qualquer outro sentimento que me afastasse daquela infeliz, acariciei  seus cabelos com carinho e ternura.

Senti como se estivesse materializado em minha frente em carne osso e chagas, todo o sofrimento do mundo. Hoje, passado todos estes anos, eu admiro ainda mais aquelas freiras que seguem o caminho de renúncia em função do bem a seus semelhantes. Aprendi com aquela pobre mulher, a jamais descriminar alguém por causa de algum defeito físico. A pior deformidade é aquela que está escondida dentro de nosso espírito. 

Luis Claudio Cezar – e-mail: [email protected]

 

 


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