Não vão conseguir regrar nem calar a imprensa séria de Camaquã
Quando cheguei à Camaquã em dezembro de 2013 e comecei a trabalhar na Rádio Acústica FM 97,7, fui acompanhar a uma sessão da Câmara Municipal. Neste dia fui homenageado por quase todos os vereadores, pelo trabalho que realizei na imprensa estadual e por ter levado comigo o nome da cidade. Na sessão seguinte, uma cadeira exclusiva para a Acústica FM foi colocada dentro do Plenário da Câmara para que meus colegas e eu pudessem acompanhar os trabalhos da casa com mais comodidade. O fato até surpreendeu o diretor da emissora, Fabio Klar Renner. Enfim, fomos prestigiados com tal ação.
Comecei a trabalhar e passei a colocar em prática aqui na nossa cidade, tudo aquilo aprendi e que fiz na grande imprensa. Passamos a ouvir a comunidade, a relatar os problemas e principalmente as soluções para estes na programação da emissora. Em fevereiro abri um portal de notícias, o Clic Camaquã, e logo a região passou a acompanhar o que estava acontecendo na cidade e nos municípios vizinho pelo Clic. Só no primeiro mês foram 120 mil acessos. Surpreendeu muita gente. E claro, preocupou também.
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De dezembro pra cá, tocamos em assuntos polêmicos e bem delicados. Mas o último sobre os entulhos derrubados de uma casa particular com o uso de máquinas e profissionais da secretaria municipal dos transportes foi o que mais repercutiu e continua repercutindo. O último episódio foi o mais lamentável.
Durante a sessão da Câmara de Vereadores da segunda-feira (28), foi questionado o trabalho da imprensa. Ou melhor, o da Rádio Acústica FM e do Portal Clic Camaquã, pois são os únicos veículos de comunicação que se comprometem em acompanhar semanalmente o que é debatido por aqueles que foram escolhidos pelo povo. Nessa última sessão, o vereador Diego Garcia do PPS solicitou uma “questão de ordem” querendo saber se o repórter Eduardo Costa teria permissão para acessar o plenário da Câmara e fotografar os vereadores e quantas pessoas precisam para a transmissão da Rádio Acústica FM. Se são necessárias três pessoas no plenário. Kadu Ribeiro, da técnica, Fábio Renner e eu.
O fato me surprendeu e causou surpresa também para muitos que estavam lá, pois a sessão foi interrompida por cinco minutos, para que pudessem analisar o regimento interno da casa legislativa. A indignação do vereador Diego Garcia foi direcionada e ela logo foi traduzida pelo vereador Everton Clarão. O legislador do PSB disse que a preocupação de Diego Garcia com a presença da imprensa se deve as denúncias envolvendo a secretaria de Paulinho Bicicletas, do mesmo partido (PPS), apuradas pela emissora e por mim, através do meu portal de notícias. Clarão destacou ainda que Garcia é suplente de Paulinho e que caso o secretário deixasse o cargo, acabaria voltando para a vaga hoje ocupada por ele e consequentemente, perderia o salário de cerca de R$ 6 mil.
O fato é que quando cheguei à cidade, fui referenciado por boa parte dos que lá ocupam uma vaga, e agora que estou realizando aquele mesmo trabalho que foi elogiado, a reação começa a ser bem diferente. A verdade dói e uma imprensa séria trabalha com a verdade. É o que a Acústica FM e o Clic Camaquã estão fazendo hoje. Querem calar esta imprensa séria, com atitudes nunca vistas antes na história da comunicação desta cidade. Que mesmo recebendo valores mensais para realizar o serviço licitado de transmissão da Câmara, está, sem medo, revelando problemas graves, que revoltam os que nos escutam e nos leem e veem diariamente. Querem calar uma imprensa que não se vende.
Deixo claro que não tem como regrar o trabalho da imprensa. Vamos ter acesso sempre ao Plenário e onde seja. É assim na Assembleia Legislativa do Estado, onde muitas matérias fiz, é assim em outros locais onde nós trabalhamos. Vejo agora em seus depoimentos, quando conversei pessoalmente na terça-feira (29) e nas redes sociais, que a preocupação do vereador Diego está voltada para o atendimento aos outros veículos de comunicação. Que seja um atendimento igualitário. Mas sempre. Só não é igual a atenção dos demais veículos com a cobertura da sessão da Câmara. Desde dezembro até hoje, vi apenas uma vez um repórter de outra emissora acompanhar a sessão. O interesse deve vir dos demais colegas e veículos em acompanhar os trabalhos na casa legislativa, que inclusive não estiveram lá na última sessão para acompanharam esta discussão. Um tema desnecessário.
Como coordenador de jornalismo da Acústica FM e diretor do portal de notícias Clic Camaquã, reafirmo aqui o meu compromisso com a informação dizendo que vamos continuar abordando os temas que são de interesse da comunidade, pois sabemos da importância de nosso papel para o desenvolvimento de uma região. Estão tentando mas não vão conseguir calar esta imprensa verdadeira que são os olhos, os ouvidos e a boca de uma sociedade.