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Hino Rio-Grandense: as consequências de se mudar uma obra artística


Por Redação/Clic Camaquã Publicado 29/01/2021
 Tempo de leitura estimado: 00:00

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Uma nova polêmica, na minha ótica sem o menor fundamento, toma conta do cenário político gaúcho.Após o gesto de protesto da bancada negra, que ocorreu durante a cerimônia de posse dos eleitos em Porto Alegre, no primeiro dia de 2021, quando alguns vereadores se recusaram a cantar parte do Hino Rio-Grandense, um projeto de lei foi protocolado na Assembleia Legislativa propondo uma mudança na letra do símbolo oficial do Estado.

O deputado estadual Luiz Fernando Mainardi (PT) apresentou um projeto
propondo a alteração no verso: “povo que não tem virtude acaba por ser
escravo”, que passaria a ser “povo que não tem virtude acaba por
escravizar”. Aqui já cabe um parêntese. Simplesmente isto é um
absurdo, um parlamentar querer posar de compositor e mudar a letra de
um poeta. E mudar mal diga-se de passagem. Pois o verso proposto não
segue a rima daquela estrofe do hino. Felizmente o deputado desistiu
do mesmo devido a repercussão negativa do episódio.

Eliminada a questão poética examinemos o caso. Quanto à mudança motivada pela ideia de que este verso tem conotação racista – segundo algumas entidades de defesa da igualdade racial e um grupo de pesquisadores que se autoproclamam os desconstrutores da história – salvo melhor juízo não faz nenhum sentido. Mudar a letra do Hino Rio-Grandense é um grande equívoco histórico. A letra em hipótese alguma é racista, e se quer se refere à questão do negro. “Povo que não tem virtude acaba por ser escravo” é uma nítida referência ao povo gaúcho, que não aceitava os desmandos do Império.

A polêmica, evidentemente, está tomando conta das redes sociais, e como já se tornou hábito enveredou para o viés político partidário. No entanto é outro grande equívoco taxar esta atitude de “coisa de esquerdista”. A esquerda sempre existiu e até este episódio jamais quis mudar a letra do hino. Esta é uma atitude isolada de um parlamentar de esquerda, que busca seus minutos de fama, assim como temos um presidente, sempre sedento de holofotes, mas que de certa maneira não representa o pensamento da direita.

 

As polêmicas e a história da criação do hino

A bem da verdade o Hino Rio-Grandense sempre esteve envolto em polêmicas, e sofreu algumas mudanças desde sua criação. Oficialmente existe o registro de três letras para o hino, desde à época da Revolução Farroupilha (1835/1845). A história começa com a tomada da então Vila de Rio Pardo, pelas forças farrapas em 30 de abril de 1838.

Neste combate foi aprisionada uma unidade do Exército Imperial, inclusive com a sua banda de música. O maestro de descendência negra, Joaquim José de Mendanha, mineiro de nascimento, que também foi capturado, era um músico com fama de grande compositor. O regente, então, foi convencido a compor uma peça musical, que homenageasse a vitória das forças farroupilhas. Diante das circunstâncias ele criou uma melodia, e coube ao tenente-coronel farrapo Serafim José de Alencastre, que tinha veia artística, a composição da letra.

Quase um ano após este episódio foi composta uma nova letra, e que foi cantada como Hino Nacional, sendo o autor desconhecido. O jornal “O Povo” – veículo de divulgação da República Riograndense, em sua edição de 4 de maio de 1839, chegou a chamar a composição de “o Hino da Nação”.

Contudo após o fim do decênio farrapo apareceu uma terceira letra, desta vez com autor conhecido: Francisco Pinto da Fontoura, vulgo “Chiquinho da Vovó”. Esta terceira versão, que contou ainda com harmonização de Antônio Corte Real, foi a que mais caiu no gosto popular. Até hoje a letra é basicamente a mesma adotada como sendo a oficial, mas sem a segunda estrofe, que foi suprimida posteriormente.

Um século depois, em 1933, quando acontecia os preparativos para o Centenário da Revolução Farroupilha, um grupo de intelectuais resolveu escolher uma das versões para ser a letra oficial do Hino do Rio Grande do Sul. A obra de Francisco Pinto da Fontoura foi abalizada em 1934, caindo em desuso os outros poemas.

Mas faltava ainda o capítulo final. Através da lei 5213 de 05 de janeiro de 1966, época da ditadura militar, a composição foi oficializada como Hino Farroupilha ou Hino Rio-Grandense, com a supressão da segunda estrofe, que dizia: “Entre nós reviva Atenas / Para assombro dos tiranos / Sejamos gregos na glória / E na virtude, romanos.

Esta parte, que foi suprimida porque os parlamentares a consideravam fora do contexto histórico e geográfico do Rio Grande do Sul, se tivesse sido mantida evitaria a polêmica atual. Ou seja ela serve como referência de que não somente a etnia africana foi vítima de uma atroz escravidão, mas que durante a evolução da humanidade muitos povos brancos ou não acabaram tornando-se escravos.

Enfim, é isto que ocorre quando se deixa a cargo de políticos a decisão de mudar uma obra artística. Imagine se fosse o contrário: um poeta ou compositor mudando o trecho de um projeto de lei. Mas como os parlamentares se intitulam representantes do povo acham que podem tudo, inclusive criar mais uma polêmica desnecessária.

A título de descontração seria interessante imaginar a hipótese de que algum político ousasse tocar nos hinos da dupla Gre-Nal. Poderiam alegar, por exemplo, que a torcida tricolor não é somente de pobres que vai a pé aos estádios, e que os colorados cantavam um passado de glórias em uma época que o Internacional só participava de Gauchão. Resumindo: estas passagens dos hinos da dupla são duas grandes inverdades para os tempos atuais. Aliás o Grêmio também teve três hinos, um datado de 1924, outro em 1946, e o atual composto por Lupicínio Rodrigues, em 1953, mas nenhum contou com interferência política para ser mudado.

 

Clic Humor com Sabedoria: “Uma mudança deixa sempre patamares para uma nova mudança.” (Maquiavel)

 

HINO RIO-GRANDENSE

Letra: Francisco Pinto da Fontoura
Música: Joaquim José de Mendanha

 

Como a aurora precursora
Do farol da divindade
Foi o Vinte de Setembro
O precursor da liberdade.

 

Estribilho:
Mostremos valor, constância
Nesta ímpia e injusta guerra,
Sirvam nossas façanhas

De modelo a toda terra.

De modelo a toda terra.
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda terra.

 

Mas não basta pra ser livre
Ser forte, aguerrido e bravo
Povo que não tem virtude
Acaba por ser escravo.

 


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