Atriz relembra sua carreira através de Oficina de Teatro pela LPG
Leia a coluna de Catullo Fernandes (Arte, Cultura e História), escritor, poeta e pesquisador.
A produtora cultural Solange de Souza ministrou uma oficina teatral de 40 horas para jovens e adolescentes no Cine Coliseu.
📱 Clique para receber notícias de graça pelo WhatsApp.
A grande estrela de Hollywood, Marilyn Monroe (1926-1962), certa vez disse: “Sonhar em ser atriz é melhor do que se tornar uma.” A Lei Paulo Gustavo é bem mais que um suporte financeiro aos artistas, produtores e trabalhadores da cultura, categoria tão prejudicada durante a pandemia, e novamente, agora, com as enchentes no Rio Grande do Sul. Esta lei federal proporciona que de forma gratuita diferentes públicos, principalmente crianças e jovens, desfrutem das mais diversas atividades culturais. E de quebra proporciona que muitos artistas acabem se reinventando, e relembrando bons momentos de sua trajetória cultural.
Este é o caso da produtora cultural e ex-secretária da Cultura de Camaquã, Solange de Souza, carinhosamente conhecida por Sol. Recentemente ela foi contemplada em Edital Municipal da LPG para aplicar uma Oficina de Teatro para adolescentes e jovens. O local não poderia ser outro senão o Cine Teatro Coliseu, onde no longínquo ano de 1987, a atriz Solange de Souza pisou no palco como uma das integrantes do extinto grupo camaquense Sal da Terra. Esta inesquecível companhia de teatro dirigida por Clézio Gonçalves, entre tantos trabalhos apresentou com muito êxito o espetáculo “Mutações – uma história que poderia ser a sua”, e que fez sua estreia na inauguração do novo Coliseu totalmente restaurado.
O Cine Coliseu sempre foi um dos espaços históricos mais apreciados por Sol. E quando assumiu a Secretaria da Cultura, no ano de 2005, aproveitando seu conhecimento no circuito teatral, logo tratou de elaborar um projeto através da LIC/RS, que reunisse grandes nomes do teatro gaúcho e nacional. Assim surgiu o projeto “Camaquã em Festa”, que trouxe para o município, no período de 2006 a 2007, duas temporadas de grandes espetáculos adultos e infantis, com ingressos praticamente gratuitos, encenados por nomes de ponta como Lucinha Lins, Deborah Finocchiaro, Zé Victor Castiel, entre outros atores e atrizes, que desfilam sua arte nos palcos do Theatro São Pedro e shoppings da capital. E em sua despedida da Secretaria, em 2008, com a intervenção do cineasta Henrique de Freitas Lima, ela deixou instalado no espaço modernos equipamentos para Cinema Digital revivendo a história do Coliseu, que teve início com a exibição de filmes ainda na época do cinema mudo.
Foi com esta bagagem cultural que Sol de Souza reuniu um grupo de adolescentes e jovens, que tiveram acesso a uma Oficina de Teatro, que começou no início do mês de abril, com 40 horas, onde eles puderam aprender sem nenhum custo, técnicas de relaxamento, observação, recreação, dramatização e improviso. O resultado do projeto foi a entrega de certificados de conclusão, no dia 02 de maio (foto de abertura) para onze 11 postulantes ao palco.
Em sua fala aos alunos a instrutora agradeceu ao coordenador do teatro, João Bolesta, pela cedência do espaço, e ressaltou que mais do que tornar-se um artista teatral o importante é descobrir o próprio corpo através das Artes Cênicas. “Este tipo de oficina libera movimentos, enriquece a linguagem corporal e a comunicação, fundamentais nos dias de hoje para atuar em qualquer setor”, resumiu.
A professora aposentada Solange de Souza, graduada em Letras, com Pós-graduação em Metodologia do Ensino, atuou nos palcos nos anos 90, em diversos grupos, encenando peças como “O maravilhoso mundo do circo” e “Mal entendido”, além de ter trabalhado no início dos anos 2000, com o mestre uruguaio Néstor Monastério. Em sua passagem pela Secretaria da Cultura criou a esquete “A Casa das Sete Mulheres” para recepcionar os turistas e visitantes do Coliseu, e mais recentemente atuou numa peça teatral espírita do Grupo Porta de Damasco.
Solange de Souza detém um currículo de grande projeção, o que lhe rendeu, em 2021, o Prêmio Trajetórias Culturais outorgado pela SEDAC RS. Foi Secretária Municipal da Cultura, de 2005 a 2008, presidiu a Associação Amigos da Água Grande – gestão 2009/2010, onde atualmente é vice-presidente, e recentemente presidiu o Conselho de Políticas Culturais de Camaquã.
Em sua atuação como produtora cultural de 1998 a 2009, teve importantes projetos aprovados e executados via LIC/RS: Camaquã in Fest – Artes Cênicas (1ª edição – 1998/99), Camaquã em Festa (2ª e 3ª edições – 2006/07); Feira do Livro de Camaquã (edições 2005/2006/2007), Festival Nativista Acorde da Canção Nativa de Camaquã (edições 2005/2006/2007), Feira do Livro de Tapes (2009), e ainda o projeto aprovado via Lei Rouanet “Show na Praça – Renato Borguetti, Geraldo Flach e Fernando Ó” (2008). Sem dúvida uma carreira marcada pela arte de encenar tanto no palco quanto na vida, sempre com aquele sorriso peculiar, que semanalmente leva a Pastoral da Criança onde é uma das voluntárias neste projeto social, e que certamente encanta o neto Bernardo.