“Não tenho medo por mim. Tenho medo pela minha família”, afirma técnica em enfermagem
Leôla de Oliveira falou sobre a rotina de trabalho antes e depois da pandemia de Covid-19
A pandemia de Covid-19 segue assustando algumas pessoas, principalmente os profissionais da saúde que lidam com casos todos os dias e sabem o quanto a doença pode evoluir e ser fatal. Neste ano tão desafiador, Leôla de Oliveira, técnica em enfermagem contou como era a sua rotina de trabalho antes e depois do coronavírus.
A jovem de 27 anos, trabalha no Hospital Nossa Senhora Aparecida (HNSA) e presta serviço em “home care”. Ela lembrou que quando começou a trabalhar no hospital, o coronavírus já tinha surgido, mas ainda não havia ganhado a proporção que tem hoje.
Leôla lembrou que quando os protocolos começaram a ser executados no HNSA foi assustador. Ela comentou que sempre existiram protocolos de higienização e segurança, mas com a chegada do vírus os procedimentos passaram a ser muito mais rigorosos.
Com todas as mudanças, aumentaram os equipamentos para serem utilizados durante o trabalho. Além disso, aumentaram os preparativos para o retorno ao lar, que é um dos maiores desafios da área da saúde. “Sempre tive muito medo de levar o vírus para eles”, afirmou a técnica em enfermagem.
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Ela explicou que tinha uma pessoa idosa em casa e a filha de três anos. O medo de ser a condutora do vírus para a família, enche Leôla de preocupação. Além disso, ela comentou sobre o medo que sente em transportar o vírus de trabalho para o outro, o que faz com que a profissional seja muito cuidadosa com os procedimentos de segurança.
Com o aumento de casos na cidade, também houveram perdas para a doença. Alguns dos pacientes tiveram complicações e acabaram falecendo. A enfermeira falou sobre o sentimento da equipe de saúde sobre o assunto.
“A gente nunca está preparado para perder alguém”, ela contou que por mais preparo emocional que os profissionais tenham, é difícil ver o sofrimento de pacientes e perder algum deles. Leôla afirmou que trabalhar na área sempre foi desafiador, mesmo antes da pandemia.
Toda a equipe da saúde, médicos, enfermeiros, equipe de higienização, sempre precisaram enfrentar as dificuldades e riscos da área. “É por amor mesmo”, ressaltou a profissional sobre a dedicação no trabalho. “A gente tem medo, sofre junto com paciente”, comentou.
“Ter a certeza de que está fazendo o melhor para o paciente é o que nos faz viver sem absorver tantas situações”, falou. Ela contou que é satisfatório perceber a recuperação dos pacientes e acompanhar o retorno para a casa.
Assim como outros profissionais que lidam frente a frente com a doença, Leôla comentou que não é brincadeira e que precisa ser encarada com seriedade. “Não é brincadeira, cuidem da saúde de vocês”, alertou a profissional.
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