Bugio-ruivo resgatado na BR-116/RS volta à vida silvestre
O animal sofreu ferimentos ao ser atropelado por um veículo na região do município de Barra do Ribeiro
Após tratamento no Hospital de Clínicas Veterinárias (HCV) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, um macho de bugio-ruivo (Alouatta guariba clamitans) encontrado às margens da BR-116/RS foi devolvido à natureza. O animal sofreu ferimentos ao ser atropelado por um veículo na região do município de Barra do Ribeiro. Identificado por colaboradores da construtora Constran e resgatado pela equipe de Gestão Ambiental (STE S.A.) das obras de duplicação da rodovia, ele foi encaminhado ao HCV em dezembro de 2014 e recebeu alta pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) no dia 03 de fevereiro de 2015. Os cuidados com a fauna da região – de Guaíba a Pelotas – integram uma série de ações implementadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) no empreendimento.
Para a soltura, a equipe realizou uma expedição para escolha do melhor local. De acordo com a bióloga Michele Camargo, especialista em mamíferos da STE S.A., algumas premissas foram seguidas: o local deveria ser próximo de onde o animal foi encontrado, porém com distância razoável da rodovia; que respeitasse a área de vida do bugio; que o mantivesse perto da população original, para que as condições de sanidade e fluxo gênico não fossem totalmente modificadas; e onde houvesse disponibilidade de recursos alimentares e refúgio.
O primata foi transportado até o ponto de soltura, nas proximidades do Arroio Ribeirinho, onde a caixa de contenção foi colocada em meio à mata para início da adaptação. “Foi dado um tempo para que o bugio descansasse do transporte, diminuísse o estresse e começasse a interagir com o ambiente de soltura”, explicou Michele. Em seguida, a caixa foi aberta e o animal saiu em busca de uma árvore para retornar à vida silvestre. A expectativa “é que ele se reintegre ao ambiente de onde foi resgatado ferido, porém nada se pode afirmar”.
A espécie está inserida na categoria “vulnerável” da lista de ameaçadas do Rio Grande do Sul e do Brasil, e ainda aparece como “pouco preocupante”, porém em estado de declínio populacional, na União Internacional para a Conservação da Natureza. Vale lembrar que a mesma cumpre importante papel na regeneração das matas, tanto como dispersor – pois as sementes eliminadas em suas fezes têm alto poder germinativo –, como por ser uma espécie “bandeira”, ou seja, ao preservá-la, outras espécies da fauna e da flora, ameaçadas ou endêmicas, também são preservadas.