Bairros de Tapes são inundados e moradores brigam com prefeito
Bombeiros voluntários de Tapes ficaram em alerta durante todo o fim de semana
Como previsto pelos Bombeiros Voluntários de Tapes, em vistoria ao longo de sábado (28), a chuva que atingiu Tapes neste final de semana, provocou tanto a evacuação de moradores de suas residências quanto à inundação de bairros mais próximos às sangas do Meio, na Vila Nova e do Arroio Teixeira, na comunidade de mesmo nome, na madrugada de domingo (29).
Na Vila Nova, no ponto conhecido como “Ilha”, cerca de seis famílias tiveram ao longo da noite de ser removidas para abrigos, casas de parentes, mas teve alguns que decidiram ficar nos cômodos protegendo o patrimônio.
Os moradores desta localidade foram socorridos pelos Bombeiros e Defesa Civil, que à noite, passou a atuar diante do quadro climático que se mostrava no município. Segundo números dos BV, uma família foi removida para um ginásio, três famílias estão em casa de parentes, e duas resistem em deixar a residência.
Bate-boca e cobranças
Já na comunidade do Arroio Teixeira, outras seis famílias tiveram de ser removidas das suas casas devido à invasão das águas do arroio ter tomado as moradias. As famílias, removidas estão junto à escola municipal Martha Pereira Barbosa, onde recebem mantimentos da Defesa Civil e Assistência Social.
A força da água deste arroio foi tamanha que, nas duas ruas existentes no bairro, a água atingiu a uma altura média de até meio metro, com marcas ainda sendo possíveis de ser visualizadas nas paredes das dezenas de moradias.
Na parte mais rente ao arroio, o dano foi bem maior. Diversas famílias mostravam os estragos causados pela força que a água teve ao entrar em seus pátios, à noite, destruindo casebres, cercas, pequenos galpões e outras estruturas mais frágeis.
Indignados com o quadro, José Francisco, de 57 anos, tratado como Catarina, e, Fabiana dos Santos, mãe de três filhos foram flagrados pela reportagem do site Online cobrando, duramente do prefeito, Silvio Rafaeli, medidas urgentes.
Ambos estavam juntos a um amontoado de terra, retirado da estrada, interrompendo o trânsito a outra parte da avenida Sydia Jardim Albuquerque, onde taboões serviam de ponte. Neste ponto, e no outro ao lado da escola, canais foram abertos por máquinas para escoar a água da sanga que invadiu o bairro.
Segundo Catarina, que mora há cinco anos naquele local, quando este valão foi aberto, na madrugada ainda todo o bairro Arroio Teixeira já estava submerso. O morador cobrou que este valão deveria ter sido aberto bem antes, por força da quantidade de água que a sanga já continha.
Embravecido com a perda de móveis e a sujeira com que terá de remover ao longo deste domingo de dentro de sua residência, contou que não permitiria que este valão fosse fechado até que uma solução com canos fosse construída “só por cima do meu cadáver”, bradava, acusando o gestor público de desinteresse “ esta é a terceira vez, só este ano. Se fechar o valão vamos ficar com problemas de novo, o povo está se ajudando e o prefeito ainda nos bota a boca! Eu disse pra ele que na hora do voto ele veio, ele negou, eu vou falar mal dele à imprensa”, lembrando promessas eleitorais, conta o morador.
Solução paliativa
Inconsolável, a esposa de Catarina, dona Naura, de 65 anos, limpava por mais esta vez toda a residência tomada pela água suja do arroio. Em sua casa, além de danos estruturais como nas paredes já rachadas, portas e janelas que já não abrem e fecham corretamente, havia móveis, roupas e outros objetos que estavam postos em cima de mesas, cadeiras e camas.
Ela, de chinelo fazia a limpeza com a filha Fabiane do excesso de barro e mostrava a altura da água, que desde a madrugada passada tirou o sono da família.
“Todos os anos perdemos móveis, limpando a casa e não é feito nada para resolver isso. Todos os anos quando tem chuva forte é isso. Foi sorte do marido ter chegado na hora pra ajudar”, disse.
Noutros pontos, moradores irão passar o dia removendo entulhos e excesso de terra e areia da porta de suas casas. Alguns irão aproveitar o material para aterrar pontos onde a água varreu deixando buracos.
Para o dirigente comunitário, Álvares Altamnn da Silva, é imperioso, diante desta nova tragédia que o Poder Público faça logo uma obra que escoe o excesso de água que a sanga não comporta, durante longos períodos de chuva.
Percorrendo o bairro em auxílio e filmando tudo, ele sugere uma espécie de duto que, margeando a sanga, iria absorver o grande volume de água das chuvas, evitando com que este excesso invada como tem ocorrido repetidamente, as moradias, causando uma série de danos e transtornos.
Ele acredita ainda que uma galeria deva fazer parte desta obra no bairro. Ele cobra, entretanto que, uma campanha pública alerte dos riscos quanto à deposição de lixo nas cabeceiras das sangas, os quais obstrui o fluxo de água trazendo outras consequências como enchentes.
“Queremos pelo menos que um estudo adequado, geológico, seja feito. Em outras cobranças de outras enchentes, medidas como esta não foram atendidas. Isso vai acontece r sempre, enquanto o governo não der ouvidos à comunidade, vamos sofrer sempre com isso”, enfatiza.
Por fim, o prefeito informou ao dirigente que um engenheiro será contratado pela Prefeitura de Tapes visando um estudo da situação.