João Doria desiste de sua pré-candidatura à Presidência da República
João Doria disse que percebeu que não é o candidato da cúpula do partido e que "aceitou essa realidade"; o ex-candidato anunciou sua desistência nesta segunda-feira
Quase dois meses após renunciar ao governo de São Paulo para ser o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, João Doria anunciou nesta segunda-feira (23) sua desistência em participar da corrida eleitoral.
“Me retiro da disputa com o coração ferido, mas a alma leve”, disse. Em sua fala, ele admitiu não ser “a escolha da cúpula do PSDB”, e disse estar nas mãos do partido a decisão sobre a candidatura tucano para o Planalto.
Rodeado por integrantes do partido, como o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, o coordenador-geral de campanha, Marco Vinholi, e sua esposa, Bia Doria, o ex-governador se emocionou e foi às lágrimas ao final de seu discurso.
“Sou um homem que respeita o bom senso, o diálogo e o equilíbrio. Sempre busquei e seguirei buscando o consenso, mesmo que ele seja contrário à minha vontade pessoal”, disse.
Doria vinha enfrentado resistências internas no PSDB e sendo pressionado a desistir da disputa devido às dificuldades em decolar nas pesquisas de intenção de voto e à alta taxa de rejeição entre o eleitorado.
O tucano fez questão de destacar em seu discurso que venceu todas as prévias do partido, desde que entrou para a política, em 2016. Ele foi vencedor nas disputas para a Prefeitura de São Paulo, do governo do estado e, por último, para a disputa à Presidência.
“Saio com o sentimento de gratidão e a certeza de que tudo o que fiz foi em benefício de um ideal coletivo, em favor dos paulistanos, dos paulistas e dos brasileiros”, disse.
Doria destacou ainda sua atuação durante a pandemia, citando o empenho na aquisição e produção de vacinas contra a Covid-19.
“Procurei fazer o certo, salvamos vidas e salvamos a economia. São Paulo cresceu cinco vezes mais do que o Brasil na pandemia, gerando um terço de todos os novos empregos gerados no país”, disse. “Vencemos com a ciência os discursos do ódio, das fake news e do negacionismo”, completou.
Ao final, Doria deixou em aberto se seguirá na vida pública.
“Saio como entrei na política: repleto de ideais, com a alma cheia de esperança e o coração pulsante”, disse.
“Seguirei como observador sereno do meu País. Sempre à disposição de lutar a guerra para a qual eu for chamado. Na vida pública ou na vida privada”, concluiu.
Apontada como principal nome da terceira via, a senadora Simone Tebet (MDB) disse que Doria “nunca foi adversário”.
“Sempre foi aliado. Sua contribuição com a luta pela vacina jamais será esquecida. Vamos conversar e receber suas sugestões para nosso programa de governo”, afirmou, em nota divulgada logo após o pronunciamento de Doria.