Crimes contra a vida mantêm alta no Rio Grande do Sul
Queda nos roubos de carros foi comemorada pelo secretário Cezar Schirmer
O que se viu nas ruas e se leu nos jornais sobre violência e insegurança em 2016 se confirmou ontem nas estatísticas. A Secretaria da Segurança Pública divulgou os índices oficiais do ano passado da criminalidade no Estado e na capital, nos quais despontam as altas no número de homicídios, latrocínios e roubos.
Na comparação entre 2014 e 2015, homicídios e latrocínios já haviam demonstrado alta – exceto latrocínios no Estado, com queda pequena de 0,8%. O secretário estadual da Segurança, Cezar Schirmer, apontou que as disputas pelo tráfico de drogas dominam amplamente as causas da alta nas estatísticas nos crimes contra a vida, especialmente os homicídios. Quanto aos latrocínios, apesar de considerar o crescimento preocupante, Schirmer minimizou a amplitude dos números absolutos: “Se comparar com os homicídios, os latrocínios são menos de 10%, cerca de 5%”.
Em defesa da sua gestão, o secretário apontou que 70% dos homicidas são identificados. Para melhorar o desempenho e reduzir índices, ele disse que é preciso melhorar o conteúdo dos inquéritos e a apresentação de provas. E atacou a permissividade da sociedade com o uso de drogas.
A posição de Schirmer se choca com a análise do sociólogo, professor da PUC e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública Rodrigo Azevedo. Para ele, é preciso discutir a liberação das drogas e a descriminalização do usuário, o que poderia regulamentar o mercado e fragilizar o tráfico. Quanto ao combate aos homicídios e latrocínios, defendeu uma melhoria na infraestrutura da segurança. “Passa pela qualificação da perícia, por uma melhor estrutura das delegacias de homicídios. Também deveria haver uma maior conexão entre as polícias Civil e Militar, e os PMs também deveriam poder investigar. Falta ainda um planejamento a longo prazo”, explicou.
Outro problema mais evidente e constantemente lembrado é o da falta de efetivo policial. O drama parece ainda maior com o cálculo feito pela Band TV com base no total de crimes ocorridos em 2016 no RS. Na mé- dia, resultariam em 902 por dia, um volume inalcançável pela tropa atual.
Roubos de carros
Em meio aos maus resultados, Schirmer celebrou uma queda de 14,3% em Porto Alegre e de 2,9% nos roubos de veículos – crime que não registrava redução havia três anos –, mas admitiu que, no geral, os números absolutos são ruins. “Eles ainda nos constrangem.” A divulgação dos dados foi acompanhada da informação de que a SSP passará a publicizá-los a cada três meses, melhorando a transparência sobre a situação no Estado.