Quem são os vencedores do Oscar 2018
Como a Academia queria, os discursos políticos não deram o tom dessa edição
Ao contrário do tapete vermelho do Globo de Ouro, marcado pelo preto dos protestos dos movimentos #MeToo e Time’s Up, o da 90ª festa do Oscar pautou-se pelo colorido. Sempre irreverente, o apresentador Jimmy Kimmel abriu o show dizendo por que o Oscar – a estatueta – é o homem mais respeitado de Hollywood. Dá para ver onde estão suas mãos – e ele não tem pênis. ! O humor em tempos de assédio na indústria.
Essa abertura, digamos, provocadora não teve muita continuidade. Como a Academia queria, os discursos políticos não deram o tom desse Oscar. Em comparação com o Globo de Ouro, foi bem morno, pelo menos até que Salma Hayek, integrando um grupo de mulheres, destacou a importância do que está ocorrendo na indústria. Num clipe, Geena Davis lembrou Thelma e Louise. “Todo mundo pensava que o filme ia abrir um novo espaço para as mulheres em 1991. Isso está ocorrendo hoje.”
E veio a celebração da cultura latina no palco do Dolby Theatre, com as vitórias do Chile, de Guillermo del Toro e de Viva – A Vida é Uma Festa. Prosseguiu com o Oscar de roteiro original para Jordan Peele, por Corra!, o primeiro negro a concorrer em filme, direção e script. Outro Oscar, de roteiro adaptado, para Me Chame Pelo Seu Nome, e James Ivory ressaltou a importância da diversidade sexual. Lembrou até seu companheiro, o falecido produtor Ismail Merchant. Talvez tenham sido esses momentos que fizeram a diferença nesse Oscar.
Os prêmios de coadjuvantes para Sam Rockwell (Três Anúncios Para Um Crime) e Allison Janney (Eu, Tonya) eram mais que esperados. Rockwell retratou-se nos bastidores. “Não podia ter me esquecido de agradecer a Philip Seymour Hoffman (que morreu em 2014). Ele foi inspirador para mim e todos da minha idade. Sua forma de interpretar e de dirigir mostravam que era um homem que acreditava e amava o cinema.”
Gary Oldman e Frances McDormand, também favoritos, venceram como melhor ator e atriz por O Destino de Uma Nação e Três Anúncios Para Um Crime. Guillermo del Toro, outra barbada, foi melhor diretor por A Forma da Água. Warren Beatty e Faye Dunaway voltaram ao palco para apresentar melhor filme. Surpresa – foi A Forma da Água, que ganhou também melhor trilha e direção de arte Kimmel saudou Gal Gadot, a Wonder Woman, e muita gente considera que o sucesso do filme, e da personagem, foi decisivo para a resistência das mulheres no ano passado.
Gal marcou presença mais pela beleza que pela veemência. Atribuiu o Oscar de maquiagem – para O Destino de Uma Nação. Uma lenda – Eva Marie Saint, atriz de Elia Kazan e Alfred Hitchcock – apresentou o Oscar de figurino, que só poderia ir para Trama Fantasma. E Kimmel continuou disparando sua metralhadora giratória de humor. A cada meia hora, Pantera Negra soma um milhão à sua renda – o que o qualifica para não concorrer a nada em 2019.
Duas mulheres maravilhosas, Laura Dern e Greta Gerwig, atribuíram o Oscar de documentário, que não foi para Agnès Varda, Visages Villages, mas para Icarus, da Netflix, sobre um ciclista amador envolvido num escândalo de doping.
Uma hora de cerimônia – começou pontualmente às 22h do Brasil – e a Academia se auto-homenageia. Arte, indústria, reconhecimento Um clipe faz a síntese desses 90 gloriosos anos para falar de esperança. Já que o tema é sonho, o Oscar de efeitos visuais cai bem para o novo Blade Runner. Dunkirk vence os prêmios técnicos – melhor edição e mixagem de som, melhor montagem. A porto-riquenha Rita Moreno lembra Frank Capra, que dizia que existem três linguagens universais – música, matemática e cinema E o Oscar de melhor filme estrangeiro vai para… Uma Mulher Fantástica. “Estou em Júpiter”, disse o diretor Sebastián Lelio, na sala de imprensa. “Muito feliz pelo que o filme representa. Está conseguindo contribuir para uma conversa necessária e urgente.”
O Chile entra no panteão do Oscar, e com um filme centrado numa personagem transgressora pelo simples fato de existir – a transexual interpretada por Daniela Vega, que apresentaria depois a canção de Me Chame Pelo Seu Nome. “Não existem pessoas ilegítimas”, brada Lelio. Parte do elenco do maior sucesso do ano – Star Wars O Último Jedi – vem entregar o prêmio de curta de animação. Mark Hamill lembra o imbróglio do ano passado – “Não vamos trocar o envelope de La La Land?”. O prêmio de longa de animação para Viva – A Vida É Uma Festa produz um simpático discurso em defesa dos imigrantes. Que viva México! Até Gael García Bernal cantou – o tema de Viva, claro.
Vencedores
– Filme: ‘A Forma da Água’
– Atriz: Frances McDormand (‘Três Anúncios para um Crime’)
– Ator: Gary Oldman (‘O Destino de uma Nação’)
– Atriz coadjuvante: Allison Janey (‘Eu, Tonya’)
– Ator coadjuvante: Sam Rockwell (‘Três Anúncios para um Crime’)
– Direção: Guillermo del Toro (‘A Forma da Água’)
– Roteiro original: Jordan Peele (‘Corra!’)
– Roteiro adaptado: James Ivory (‘Me Chame Pelo Seu Nome’)
– Filme estrangeiro: ‘Uma Mulher Fantástica’ (Chile)
– Animação: ‘Viva: A Vida é uma Festa’
– Documentário: ‘ícaro’
– Design de produção: ‘A Forma da Água’
– Fotografia: ‘Blade Runner 2049’
– Figurino: ‘Trama Fantasma’
– Canção: ‘Remember me’ (Viva – A vida é uma festa)
– Edição: Dunkirk
– Mixagem de som: Dunkirk
– Edição de som: Dunkirk
– Curta de animação: Dear Basketball
– Curta: The silent child
– Trilha sonora: ‘A Forma da Água’
– Documentário em curta-mensagem: Heaven is a traffic jam on the 405
– Maquiagem e cabelo: O destino de uma nação
– Efeitos visuais: Blade Runner 2049
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.