Após 16 dias na UTI, mulher de 59 anos infectada pelo coronavírus tem alta em Novo Hamburgo
Maria Ramos terá que fazer fisioterapia devido ao período em que ficou sob tratamento intensivo. Ela chegou a ficar em coma
Após 30 dias de internação por Covid-19, Maria Ramos, de 59 anos, moradora de Novo Hamburgo, foi aplaudida ao receber no Hospital Geral de Novo Hamburgo, na última terça-feira (28). Infectada pelo coronavírus, ela evoluiu para estado grave, entrou em coma e precisou passar 16 dias na Unidade de Terapia Intensiva.
Na manhã deste sábado (2), já em casa, ela conversou brevemente com o G1 sobre a doença. “Achei que eu ia morrer de tanta falta de ar”, disse.
Maria ainda se sente fraca e fala com dificuldade, o que, segundo médica intensivista Bárbara Fior, que tratou a paciente, é normal. Após os dias críticos, ela diz estar otimista sobre sua recuperação.
“Na medida do possível, eu estou bem”.
De acordo com o filho, Saulo Rosa, de 26 anos, Maria foi internada no dia 28 de março. Os familiares suspeitam que ela tenha contraída o vírus no posto de Saúde perto da residência ou na UPA de Canoas.
“Foram os dois únicos lugares que ela passou, ela tava com a imunidade baixa já, é hipertensa. Ela já estava meio ruim como se fosse uma pneumonia. Então, ela foi pra UPA e ficou lá, três ou dois dias, daí estava respirando meio ruim. Em questão de 2h, 3h piorou forte o quadro. Ligaram pra gente e mandaram pro Hospital Geral de Novo Hamburgo.”
Depois da Covid-19, o desafio agora é se recuperar da terapia intensiva.
“Como ficou 16 dias em coma, a cabeça dela praticamente ‘zerou’. Agora ela está voltando, os músculos ficam meio atrofiados, a fisioterapia. Os médicos estão mandando fisioterapeuta para ela fazer os exercícios em casa. Ela foi muito bem atendida no hospital, a equipe médica foi 100%.”
Além de Saulo, Dona Maria tem mais duas filhas. Para a família, o período foi difícil, pela falta de contato com a mãe.
“Trinta dias sem falar pessoalmente. No telefone ainda conseguiam falar no início da internação. Os médicos no começo não davam muita informação, mas por último ligavam todos os dias. Foi muito ruim, pior coisa é saber e não poder ver, não ter informação, ficar sem saber, sem chão, não sabe o que fazer”, conta.
Antes da doença, Maria morava sozinha e trabalhava na indústria calçadista, mas há pouco tempo estava sem emprego fixo e realizava bicos cuidando de idosos. Agora, Saulo voltou a morar com a mãe para auxiliar nos cuidados integralmente, além da ajuda das irmãs.
Pacientes desafiadores
Casos como o de dona Maria são “desafiadores”, conforme a médica intensivista Bárbara Fior, que tratou a paciente. “Oque torna tão desafiador é que é uma doença nova, a gente tá se adaptando a ela”, falou, em entrevista ao G1.
“Ela é jovem, mas tinha comorbidade, é grupo de risco. Chegou com quadro pulmonar bastante grave”, informou a médica.
Devido aos cuidados intensivos e à necessidade de entubação, Maria perdeu função renal e precisou de remédios para o ️coração.
Além disso, a lesão pulmonar causada pelo vírus era grave. Mas Maria respondeu bem aos tratamentos e medicamentos ministrados e conseguiu sair da UTI antes do tempo médio, que é cerca de 21 dias.
Uma vez superada a doença, Maria será monitorada por uma equipe multidisciplinar da Secretaria de Saúde de Novo Hamburgo. Os familiares foram orientados para reconhecer possíveis novos sintomas.
“A família motivada é o principal. Quando fiz o prontuário da alta, falei (aos familiares): precisa de amor, carinho, compreensão e paciência”, relata Bárbara.
“Além do impacto traumático, as pessoas têm muito medo, ‘como que a sociedade vai me receber?'”, explica.