Água usada na produção de cerveja em Minas Gerais estava contaminada, diz ministério
Análise do ministério em amostras de produtos nos supermercados e nos tanques aponta que a contaminação ocorreu dentro da cervejaria
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento informou nesta quarta-feira (15) que inspeções feitas dentro da cervejaria Backer apontaram que água usada na produção da cerveja Belorizontina estava contaminada com a substância dietilenoglicol, proibida em alimentos.
A substância foi encontrada no sangue de pacientes que apresentaram sintomas da síndrome nefroneural, que pode estar associada ao consumo da cerveja da marca. Duas mortes já foram confirmadas e uma terceira está em investigação.
Análise do ministério em amostras de produtos nos supermercados e nos tanques aponta que a contaminação ocorreu dentro da cervejaria.
Leia também: Confira os resultados do Campeonato de Verão de Camaquã 2020
— Conseguimos evidenciar que a água que tem contaminação com glicol estava sendo utilizada no processo cervejeiro. Não conseguimos informar como ocorre a contaminação dessa água gelada. Nenhuma hipótese é descartada até o momento — diz o coordenador-geral de Vinhos e Bebidas, Carlos Vitor Müller.
Entre as hipóteses investigadas, estão sabotagem, vazamento e utilização incorreta da substância, usada para resfriamento — mas que não poderia entrar em contato com a água usada na produção da cerveja.
Ainda segundo a pasta, resultados de análises mostram que o problema ocorre em vários lotes da marca da cerveja Belorizontina. Ou seja, a contaminação não estava restrita a apenas um tanque.
— Fizemos análise dos relatórios de produção desses lotes. E vimos que esses lotes não estavam restritos em um ou outro tanque de produção. E passamos a abordar essa possível contaminação como algo sistêmico e que possa ocorrer em etapa anterior à fermentação —afirma o coordenador.
De acordo com a pasta, os controles de produção demonstram que “os lotes já detectados como contaminados passaram por distintos tanques, afastando a possibilidade de ser um evento relacionado a um lote ou tanque específico.”
A empresa nega uso do dietielenoglicol, mas afirma que usava o monoetilenoglicol para resfriamento.
Leia também: Enem libera notas nesta sexta-feira; veja como recuperar senha
Segundo o ministério, notas de aquisição de insumos pela empresa que foram analisadas apontam um consumo elevado dessa segunda substância na cervejaria, que normalmente é utilizada em ciclo fechado nos processos de refrigeração, sem justificar tal consumo.
— Esse insumo normalmente não é consumido em volume elevado. A aquisição pode justificar a ampliação do parque fabril, ou alguma falha nesse produto, de forma que está gastando acima do esperado — diz Muller.
Foram adquiridas 15 toneladas do produto desde 2018, com picos de aquisição em novembro e dezembro.
Diante do quadro, a pasta informou que irá manter o fechamento cautelar da cervejaria Backer por tempo indeterminado até que haja provas de que há condições seguras para produção.
Na segunda-feira (13), a pasta intimou a cervejaria Backer a recolher do mercado todas as cervejas e chopes produzidos entre outubro de 2019 até a data atual. A ação vale para o conjunto de produtos da marca, e não apenas para a cerveja Belorizontina.
A comercialização foi suspensa “até que seja descartada a possibilidade de contaminação de demais produtos”. Os produtos ainda estão sendo verificados. Análise em amostras das cervejas Belorizontina e Capixaba confirmaram a presença de monoetilenoglicol e dietilenoglicol.
Na última semana, o ministério já havia realizado o fechamento cautelar da unidade Três Lobos da cervejaria em Belo Horizonte. Também foram apreendidos 139 mil litros de cerveja engarrafada, além de 8.480 litros de chope.