Quem era a pessoa mais velha do mundo, que morreu aos 116 anos no RS
Natural de São Francisco de Assis, no interior do Rio Grande do Sul, a freira gaúcha Inah Canabarro Lucas deixa um legado de fé, simplicidade e amor ao próximo. A britânica Ethel Caterham, de 115 anos, se torna a pessoa mais velha do mundo
Quem era a pessoa mais velha do mundo, que morreu aos 116 anos no RS. A freira gaúcha Inah Canabarro Lucas, reconhecida como a pessoa mais velha do mundo, morreu aos 116 anos nesta quarta-feira (30), em Porto Alegre. Natural de São Francisco de Assis, no interior do Rio Grande do Sul, Inah deixa um legado de fé, simplicidade e amor ao próximo. Com uma vida marcada pela religiosidade, pela paixão pelo Sport Club Internacional e pelo tradicional churrasco gaúcho, sua história tocou milhares de brasileiros.
Quem era a pessoa mais velha do mundo: Religiosa desde a juventude
Inah iniciou sua vida religiosa ainda jovem. Aos 16 anos, ingressou no internato Santa Tereza de Jesus, em Santana do Livramento, onde começou a trilhar seu caminho na Congregação das Irmãs Teresianas. Em 1928, em Montevidéu, no Uruguai, professou seus votos como freira. Dois anos depois, retornou ao Brasil e passou a atuar como professora de português e matemática em uma escola na Tijuca, no Rio de Janeiro.
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Durante as décadas seguintes, continuou seu trabalho religioso e educacional, sempre com dedicação. No início dos anos 1940, voltou a Santana do Livramento, onde seguiu lecionando e desempenhando papéis importantes na comunidade.
Quem era a pessoa mais velha do mundo: Uma vida longa e cheia de amor
A causa da morte de Inah foi disfunção múltipla dos órgãos. Conforme o sobrinho Cleber Vieira Canabarro Lucas, ela não sofria de nenhuma doença grave. “O organismo foi parando aos poucos”, relatou.
Mesmo com a idade avançada, Inah mantinha uma rotina rigorosa. Acordava, comia, rezava e dormia sempre nos mesmos horários. Ainda segundo familiares, ela continuava ativa até pouco tempo atrás, pintando tecidos e cartões até os 112 anos.
Curiosamente, ela passou pela primeira cirurgia apenas aos 106 anos, quando fez uma operação de catarata. O procedimento teve um significado especial: permitir que ela continuasse sua paixão pela pintura.
Pessoa mais velha do mundo morre com título reconhecido
A morte de Inah comoveu não apenas os gaúchos, mas também o mundo. Isso porque ela detinha oficialmente o título de mulher mais velha viva do planeta. A validação do título foi feita pela LongeviQuest, uma organização internacional especializada em pesquisas sobre longevidade. Para ser reconhecida, Inah precisou apresentar documentos de diferentes fases da vida e passar por um rigoroso processo de avaliação, que incluiu votação de um comitê internacional.
Embora o registro oficial de nascimento aponte 8 de junho de 1908, a família afirma que ela nasceu, na verdade, em 27 de maio daquele ano. A diferença ocorreu porque os pais demoraram para registrar a criança, prática comum na época.
Fé e devoção até o fim
A espiritualidade esteve presente em todos os momentos da vida de Inah. Em 2018, ela recebeu uma honra rara: a bênção apostólica do papa Francisco. O certificado foi entregue pessoalmente e passou a ocupar lugar de destaque na casa onde vivia com outras freiras, em Porto Alegre.
Segundo Rita Fernandes Barbosa, coordenadora provincial da Congregação, Inah era exemplo de disciplina, trabalho e acolhimento. “Sempre foi muito comunicativa, muito acolhedora”, relembrou. Para o sobrinho Cleber, o segredo da longevidade estava na espiritualidade e na dedicação ao próximo. “Ela era otimista, bem-humorada e bondosa”, afirmou.
Paixão pelo Internacional
Outro elemento marcante na trajetória de Inah foi o amor incondicional pelo Internacional. Ela nasceu antes mesmo da fundação do clube, em 1909, mas se tornou uma das torcedoras mais fiéis. Durante anos, usou camisas, casacos e até almofadas do Colorado. Em seus aniversários, os bolos eram decorados com o Beira-Rio, estádio símbolo do time.
O Internacional, por meio das redes sociais, lamentou a morte da torcedora. “Destinou seus 116 anos de vida à bondade, à fé e ao amor pelo Clube do Povo”, disse a nota oficial do clube.
Despedida e legado
O velório de Inah ocorreu nesta quinta-feira (1º), na capela H do Cemitério São Miguel e Almas, em Porto Alegre. O corpo será cremado, conforme desejo da própria freira e da congregação.
A morte da pessoa mais velha do mundo reforça a importância de se valorizar histórias como a de Inah, marcadas por simplicidade, fé e dedicação. Ao longo de 116 anos, ela acompanhou transformações profundas no Brasil e no mundo, sempre mantendo os mesmos valores.
Inah Canabarro Lucas não foi apenas uma freira ou uma torcedora apaixonada. Foi um símbolo de longevidade com propósito. Sua história continuará inspirando gerações, tanto por sua devoção quanto por seu amor pela vida.
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