Conheça a síndrome do “pescoço de texto”, causada pelo excesso do uso de celular
Cada dia mais comum, a Síndrome do "pescoço de texto" pode ocorrer por excesso do uso de celular; entenda
Com mais aparelhos de telefone celular no Brasil (255,7 milhões) do que habitantes (212,6 milhões de pessoas), a utilização desses equipamentos ocupa boa parte do dia a dia dos brasileiros, seja para resolver questões de trabalho, seja para entretenimento, trocando mensagens, interagindo e acompanhando as redes sociais. No entanto, o uso em excesso pode causar problemas ortopédicos, como a chamada síndrome do “pescoço de texto“.
A situação acontece em razão da posição em que a cabeça fica ao olhar para a tela do celular, estirando os músculos da região do pescoço.
A cabeça humana pesa em torno de seis quilos, quando está na posição ereta, olhando para frente. Ao flexionar a cabeça para frente, o peso pode aumentar para 27 quilos, sobrecarregando a coluna cervical.
“A síndrome do pescoço de texto é responsável por provocar dores na região do pescoço, devido ao uso errado e constante de dispositivos eletrônicos. Essa condição surge através da postura errada ao usar esses dispositivos, que acaba levando a uma degradação das articulações e nervos na região da coluna cervical”, destacou o Dr. Diniz Ricardo Dei Ricardi, médico ortopedista, traumatologia, cirurgião da coluna vertebral e membro da SBOT- RS (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – Regional Rio Grande do Sul).
Além da dor no pescoço, o especialista explica que outro sintoma é a sensação dos músculos presos nos ombros e, em alguns casos, é notado um desvio do alinhamento da coluna inclinado para frente. “Passar muito tempo com a cabeça flexionada pode causar lesões nos nervos, músculos e vertebras, resultando em inflamações e no desenvolvimento da síndrome”, pontua, acrescentando que, nas crianças, a situação é ainda mais preocupante, pois a cabeça inclinada provoca mais pressão sobre a região do pescoço do que no adulto. Pesquisa realizada em 2019 mostrou que as pessoas checam o smartphone, em média, 63 vezes por dia, e que os brasileiros passam aproximadamente três horas diárias em dispositivos móveis. Nos momentos mais críticos da pandemia, com o isolamento social, estudos apontaram um aumento de 50% no tráfego da internet.
Recomendações em relação ao celular
O ortopedista da SBOT-RS ressalta que, quando não tratada a síndrome, as dores podem se agravar ao longo dos anos. E para aqueles que já apresentam algum tipo de degeneração na coluna, pode ocorrer um agravamento no quadro.
“É preciso que as pessoas estejam atentas a postura em que o corpo fica ao usar o celular, pois o contrário pode resultar em dores crônicas e ocasionar sobrecarga nos discos da coluna, causando uma hérnia de disco”, ressalta. “Quando houver qualquer sintoma, é necessário procurar um ortopedista para que ele indique o tratamento adequado”, completa.
A recomendação é que o celular seja utilizado na altura dos olhos, com os braços e mãos mantendo o dispositivo próximo ao rosto. “Outros hábitos diários como intervalos, alongamentos e o uso de apoiadores evitam o desenvolvimento da síndrome”, conclui.
Sobre a SBOT-RS
A Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – Regional Rio Grande do Sul (SBOT-RS) possui comitês com ortopedistas especializados, com expertise para esclarecimentos sobre os mais variados temas relacionados à especialidade.