Revolução imaginária: psicanalistas analisam atos de 8 de janeiro de 2023 em Brasília
Especialistas destacam que o movimento foi marcado por motivações anacrônicas e fantasiosas

Os atos de invasão e destruição do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal, ocorridos em 8 de janeiro de 2023, refletem uma tentativa de “revolução imaginária” por parte dos manifestantes, mesmo sem qualquer base prática para um golpe de Estado. Esses eventos, realizados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, aconteceram quando a transição de governo já havia sido consolidada.
Especialistas destacam que o movimento foi marcado por motivações anacrônicas e fantasiosas. Embora a possibilidade de um golpe militar já tivesse sido descartada, o grupo insistiu em um ato simbólico de insurreição. Essa mobilização foi fomentada por discursos extremistas e por uma série de ações preparatórias, como acampamentos em frente a quartéis e tentativas de paralisações de caminhoneiros em diversas regiões do país.
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O papel da mobilização popular e a omissão estratégica
A ausência de ações para conter ou desmobilizar os apoiadores por parte do ex-presidente foi apontada como um dos fatores que contribuíram para o caos. A manutenção de esperanças em um golpe foi alimentada por líderes e grupos que articulavam as bases bolsonaristas, mesmo após o abandono da estratégia militar.
Essa narrativa foi reforçada por discursos messiânicos e pelo temor do comunismo, criando uma atmosfera de fanatismo que envolveu pessoas em situação de vulnerabilidade emocional e financeira. Acampamentos bolsonaristas tornaram-se espaços onde indivíduos em estado de desespero encontraram uma sensação de pertencimento.
Alerta sobre a necessidade de responsabilização
Psicólogos e psicanalistas que analisaram os acontecimentos ressaltam a importância de seguir os trâmites jurídicos para garantir que atos como tentativa de golpe sejam reconhecidos e tratados como crimes. Eles enfatizam que fortalecer o respeito à Constituição é essencial para evitar retrocessos históricos e psicológicos na sociedade brasileira.
Contexto de segurança e fragilidades
Dias antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, especialistas já haviam observado fragilidades no policiamento e na segurança em áreas próximas aos acampamentos. Esses espaços reuniam apoiadores que demonstravam comportamento alterado e discursos radicais. A vulnerabilidade emocional de muitas dessas pessoas, descritas como solitárias e endividadas, foi apontada como um dos fatores que contribuíram para sua adesão ao movimento.