Collor preso: entenda os motivos da prisão do ex-presidente do Brasil
Collor foi detido em Maceió, capital de Alagoas, quando se preparava para viajar a Brasília, onde pretendia se apresentar voluntariamente à Justiça. O ex-presidente é condenado por corrupção e lavagem de dinheiro

Fernando Collor de Mello, ex-presidente da República, foi preso na madrugada desta sexta-feira (25) por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão é resultado de um processo ligado à Operação Lava Jato, no qual Collor foi condenado a 8 anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
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A prisão ocorreu após a rejeição de um recurso apresentado pela defesa do político. Segundo Moraes, o pedido tinha caráter “meramente protelatório”, ou seja, tinha como objetivo apenas atrasar o cumprimento da pena. Diante disso, o ministro determinou a execução imediata da sentença, com início em regime fechado.
Collor preso: STF entendeu que recurso não era válido para mudar a condenação
O recurso apresentado por Collor ao STF é chamado de embargo infringente. Esse tipo de apelação só pode ser admitido quando há pelo menos quatro votos divergentes em uma decisão condenatória. No entanto, no caso do ex-presidente, apenas dois ministros votaram pela sua absolvição.
Moraes explicou que os outros dois votos mencionados pela defesa não contestavam a culpa de Collor, mas apenas o tamanho da pena, ou seja, a dosimetria. Dessa forma, o ministro entendeu que não havia base legal para a aceitação do recurso.
A decisão destaca que, sem os quatro votos contrários necessários, o pedido da defesa perde validade jurídica. Por isso, o STF considerou que os advogados estavam apenas tentando ganhar tempo e impedir a execução imediata da sentença.
Collor preso: Prisão imediata foi autorizada mesmo sem publicação final
Outro ponto importante destacado por Moraes é que a prisão pode ser executada mesmo antes da publicação oficial do acórdão que rejeita o recurso. Isso porque, ao considerar que a tentativa da defesa foi apenas para adiar a pena, a condenação é tida como definitiva.
Com o trânsito em julgado do processo — quando não há mais possibilidade de apelação —, Moraes determinou a prisão imediata de Collor. A ordem foi executada logo após a decisão ser oficializada no sistema do STF, reforçando a ideia de que, nos casos de condenação penal, a execução da pena não precisa aguardar formalidades adicionais.
Transferência para presídio e audiência de custódia
Collor foi detido em Maceió, capital de Alagoas, quando se preparava para viajar a Brasília, onde pretendia se apresentar voluntariamente à Justiça. Após a prisão, ele foi encaminhado à sede da Polícia Federal e passou por uma audiência de custódia.
Durante o procedimento, o ex-presidente expressou o desejo de cumprir pena em seu estado natal. Após avaliação, foi transferido para um presídio da capital alagoana, onde ficará detido enquanto o STF analisa um novo pedido da defesa: a conversão da prisão em regime domiciliar.
A defesa alegou que Collor tem 75 anos, sofre de doenças crônicas e não representa ameaça à ordem pública ou risco de fuga. O pedido será analisado após parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), conforme solicitado por Alexandre de Moraes.
Histórico de acusações e condenações no caso Collor
A condenação de Collor decorre de investigações realizadas no âmbito da Lava Jato. De acordo com o processo, ele teria recebido mais de R$ 20 milhões em propina por meio de contratos fraudulentos na BR Distribuidora, empresa subsidiária da Petrobras.
As denúncias incluem uso de empresas de fachada, intermediação de terceiros e ocultação de valores em contas no exterior. Os recursos ilícitos teriam sido usados para bancar despesas pessoais e campanhas eleitorais. A Justiça entendeu que Collor atuava diretamente para garantir vantagens indevidas a aliados e empresas favorecidas.
A pena aplicada inclui reclusão em regime fechado, além de perda de direitos políticos e bloqueio de bens. A defesa nega as acusações e afirma que irá continuar lutando para reverter a condenação.
Reações políticas e impactos na imagem pública
A prisão de um ex-presidente da República sempre provoca grande repercussão no cenário político. Diversos parlamentares e líderes de partidos comentaram o caso nas redes sociais, muitos destacando a importância de que a Justiça seja aplicada de forma igualitária, independentemente do cargo ocupado.
Especialistas em direito penal também repercutiram a decisão, afirmando que o entendimento do STF segue a linha das últimas jurisprudências da Corte, especialmente no que diz respeito ao caráter de recursos protelatórios.
Para analistas políticos, o episódio representa um marco no combate à corrupção envolvendo figuras históricas do país. Collor foi o primeiro presidente eleito pelo voto direto após a redemocratização e, paradoxalmente, o primeiro a sofrer impeachment por denúncias de corrupção nos anos 90.
O que esperar a partir de agora
Com a prisão decretada e em execução, Collor poderá seguir preso em regime fechado, a menos que consiga reverter a decisão por meio de recursos jurídicos futuros. Caso a PGR se manifeste favoravelmente ao pedido de prisão domiciliar, Moraes poderá rever a medida e determinar que ele cumpra a pena em casa, sob monitoramento.
Enquanto isso, o caso segue em destaque na imprensa nacional e internacional, reabrindo discussões sobre a impunidade de políticos, o papel das instituições e o avanço das investigações da Lava Jato. Collor, que há décadas é figura central da política brasileira, enfrenta agora seu capítulo mais duro — o da justiça sendo aplicada com força total.