Segurança do comércio local é discutida entre autoridades e comerciantes de Camaquã
Evento organizado pelo SindiLojas Costa Doce ocorreu na noite desta terça-feira (27) no Teatro do Sesc
A segurança pública, com ênfase no comércio local, foi tema de um bate-papo entre autoridades e comerciantes na noite desta terça-feira (27), no Teatro do Sesc, em Camaquã. O evento organizado pelo SindiLojas Costa Doce teve como objetivo compartilhar preocupações, esclarecer dúvidas e fortalecer a parceria do comércio com a Brigada Militar, Promotoria de Justiça e Poder Executivo.
Ao longo do bate-papo, as autoridades presentes foram questionadas sobre medidas que estão sendo adotadas para melhorar a segurança do comércio camaquense e sobre como os comerciantes podem auxiliar neste trabalho. Além disso, foram apresentados dados sobre o município.
Estiveram presentes no palco: Promotor de Justiça Fernando Muller, Major Fernando Maciel, secretário de Saúde Fabiano Martins, secretária de Desenvolvimento Social Márcia Longaray, coordenadora do CREAS Vanessa Morais, Procurador Chefe do Município Fabiano Ribeiro e Fabrício Bartz, presidente do sindicato. Na plateia, entre comerciantes e demais autoridades, também esteve a presidente da ACIC, Carla Roxo.
Crimes patrimoniais
Os crimes patrimoniais, em geral furtos e assaltos, foram abordados durante o bate-papo. De acordo com o Major Maciel, comandante do 30º Batalhão de Polícia Militar, a resposta da instituição policial quanto a estes crimes costuma ser rápida, com a identificação e prisão do criminoso. No entanto, em boa parte das vezes, o autor do crime não permanece no sistema prisional.
Segundo o promotor Fernando Muller, que representou o Ministério Público, os benefícios penais são os principais responsáveis pela não permanência do criminoso no presídio. A Justiça, em muitos casos, entende que os crimes patrimoniais são de menor gravidade e então permite que o autor do crime responda em liberdade.
Sobre isso, o promotor garante que o MP adota postura firme, exigindo penas altas e indenização das vítimas.
O procurador do município, Fabiano Ribeiro, também esclareceu algumas medidas adotadas pelo Poder Público para inibir a prática dos crimes. Uma delas, o cercamento eletrônico, envolve recurso destinado pela Promotoria de Justiça. A ferramenta possibilita registro das placas de veículos que entram e saem do município, alertando as instituições policiais de forma automática em caso de suspeitas.
Pedintes e vendedores ambulantes
Um outro tema que se mostrou de extrema relevância para os comerciantes presentes, foi o caso de pedintes e vendedores ambulantes que atuam em frente aos seus estabelecimentos. De acordo com um comerciante presente no bate-papo, “o problema não são as pessoas carentes, mas sim os que fazem disso sua profissão”. Em alguns casos, segundo eles, estas pessoas abordam os clientes de forma ameaçadora.
De acordo com a coordenadora do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), a assistência social tem a maioria dessas pessoas mapeadas e tem conhecimento de que alguns são menores. Segundo os dados apresentados, através da Secretaria de Desenvolvimento Social, nenhum dos pedintes ou vendedores ambulantes está entre os 28 camaquenses registrados em situação de rua no Cadastro Único.
Em geral, os comerciantes demonstram receio quanto a permanência destes “profissionais” em frente aos seus estabelecimentos, mas também demonstram preocupação quanto ao lado social. Uma comerciante presente questionou as autoridades sobre quais medidas estão sendo tomadas para auxiliar estas pessoas e combater o trabalho infantil.
De acordo com as representantes da assistência social, todos podem procurar seus CRAS de referência que receberão o suporte necessário, seja com doações ou cadastramento para recebimento de auxílios.
Para inibir vendedores ambulantes e pedintes que ameaçam clientes de seus estabelecimentos, um comerciante sugeriu que a Brigada Militar marque presença em frente aos comércios. “Quando a Brigada Militar se aproxima, todos fogem”, afirma o comerciante. Um dos vendedores que já foi abordado, foi reconhecido como assaltante de banco na Região Metropolitana.
Saúde
Os comerciantes também reconhecem, assim como as autoridades, que em muitos casos os pedintes que estão em frente aos seus estabelecimentos são dependentes químicos e/ou possuem algum transtorno psiquiátrico. Nestes casos, são orientados que chamem o SAMU e a Brigada Militar. No entanto, para uma internação compulsória é necessário um procedimento burocrático que passa pela assistência social e familiares da pessoa.
Em um caso recente, uma mulher conhecida por surtos frequentes no Centro de Camaquã foi internada após todo este processo. O secretário de Saúde, Fabiano Martins, destaca que o Poder Executivo vem investindo em ampliação nos atendimentos. O número de pessoas atendidas praticamente dobrou nos últimos anos.
Comprometimento
As autoridades presentes se comprometeram em manter o diálogo aberto com os comerciantes e a buscarem atender as demandas repassadas durante o bate-papo.