Médico de Porto Alegre é investigado após desligar intencionalmente telefone durante atendimento do Samu
O caso ocorreu em novembro do ano passado quando a filha de uma idosa teria ligado para o serviço e o médico teria desligado intencionalmente o telefone durante a conversa


Um médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência de Porto Alegre está sendo investigado pela Polícia Civil por omissão de socorro. O caso ocorreu em novembro do ano passado quando a filha de uma idosa teria ligado para o serviço e o médico teria desligado intencionalmente o telefone durante a conversa.
Na ocasião os filhos da cardíaca e diabética Edith Carvalho da Silva, de 73 anos, telefonaram para o Samu pois a idosa estava passando mal. Durante o atendimento, o médico regulador insistiu para conversar com a paciente, mas os filhos alegavam que ela não conseguia falar. Uma gravação obtida pelo Grupo De Investigação (GDI) da GZH mostra o ocorrido.
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Um dos filhos chega a aproximar o celular dela. Confira a transcrição de um trecho do diálogo abaixo:
Filho: — Ela tá aqui em cima da cama gemendo e se contorcendo.
Médico: — Tá falando… Então deixa eu tentar falar com ela, aí, vamos ver.
Filho: — Fala, o cara quer falar contigo aí.
Mas o que a idosa diz é incompreensível. A filha Jaqueline, então, pega o telefone, irritada e com a voz alterada.
Filha: — A paciente não consegue falar. Ela não tomou a medicação, ela está com a glicose baixa… O senhor quer que eu resuma mais para o senhor? Que ela está entrando em óbito?
Médico: — Quero, quero.
O plantonista reage dizendo que vai interromper a ligação.
Médico: — Tu para de gritar.
Filha: — Não paro de gritar (p****) nenhuma.
Médico: — Já vou desligar.
O chamado, então, é interrompido. A filha acabou levando a mãe por conta própria ao hospital. Edith faleceu três horas depois.
A delegada Ana Caruso, da Delegacia do Idoso da Capital, abriu inquérito a partir da ocorrência registrada pela família. Desde fevereiro deste ano, a Delegacia do Idoso tenta identificar o médico que atendeu ao chamado por meio de quatro ofícios.
Com três fontes diferentes, o GDI conseguiu identificar a voz que aparece na gravação como sendo do médico César Volésio Ribeiro Carvalho. A reportagem da GZH questionou na última segunda-feira (17) a Secretaria de Saúde de Porto Alegre, que horas depois, respondeu aos ofícios da polícia confirmando o mesmo nome.
A Secretaria de Saúde de Porto Alegre também emitiu uma nota onde anunciou abertura de sindicância e afirmou que colabora com toda e qualquer investigação.
“A Secretaria Municipal de Saúde (SMS), por meio do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), informa que abriu sindicância para investigar o ocorrido. A pasta se coloca à disposição para auxiliar com informações e colabora com toda e qualquer investigação seguindo a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoas (LGPD). As informações pertinentes já foram direcionadas para a Delegacia de Polícia de Proteção ao Idoso.“