Cães são resgatados em situação de maus-tratos em Camaquã
Com o apoio da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros, ARCA resgatou três cachorros que estavam em situação de fraqueza por fome e sede; tutor irá responder por crime de maus-tratos

Na noite de terça-feira, 6 de maio de 2025, uma operação conjunta entre a Brigada Militar, o Corpo de Bombeiros e a ARCA — Associação Protetora aos Animais de Rua de Camaquã — resultou no resgate de três cães em situação de maus-tratos em Camaquã. Os animais estavam em uma residência localizada na rua Cristal, no bairro Viégas.
O alerta chegou à ARCA por volta das 17h15, quando vizinhos informaram que dois cães estavam brigando de forma violenta dentro da casa. A equipe de resgate se mobilizou e, às 19h, iniciou a operação.
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Ao chegarem ao local, os voluntários e agentes encontraram os animais em visível estado de fraqueza, provocada por fome extrema e falta de água. Um dos cães apresentava ferimentos, resultado da briga com outro animal.
Durante o resgate, foi localizado também uma cadela de porte médio, amarrada com uma corda curta, sem qualquer acesso a comida ou água.
Todos os animais demonstravam sinais de desespero e sofrimento físico e emocional. A ação de resgate foi concluída às 20h17.
Logo após a retirada do local, os três cães passaram por avaliação médica veterinária realizada pela Técnica em Veterinária Susane Medronha Kohlbach, que integra a equipe da ARCA.
O laudo clínico elaborado pela profissional foi anexado ao Termo Circunstanciado lavrado pela Brigada Militar. Esse documento servirá como prova no processo criminal que será instaurado contra o tutor dos animais.
Assista o vídeo que mostra a situação em que os cães foram encontrados:
Um dos cães feridos já recebeu atendimento veterinário e, felizmente, encontra-se em recuperação. Os dois cães da raça Boxer precisam de tratamento pelo medicamento Simparic.
De acordo com a vereadora Ivana de Paula, voluntária da causa animal, os três animais resgatados estão sob os cuidados da ARCA e aguardam por adoção responsável.
Tutor será indiciado
De acordo com relatos de vizinhos, o responsável pelos cães estaria dentro da residência no momento do resgate, mas se recusou a sair ou se identificar.
Apesar disso, ele deverá responder judicialmente pelo crime de maus-tratos, conforme prevê a legislação brasileira.
De acordo com a Lei, caso comprovados os maus-tratos ou a negligência, o tutor pode pegar de 2 a 5 anos de reclusão, além de multa e a proibição da guarda de animais.
O que é considerado maus-tratos aos animais?
Maus-tratos envolvem qualquer ato que cause dor, sofrimento, estresse ou privações aos animais.
Isso inclui abandono, falta de alimentação adequada, restrição de água, confinamento em espaços pequenos ou insalubres, espancamento, envenenamento e ausência de atendimento veterinário quando necessário.
Conforme o artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998), submeter animais a crueldade é crime.
E mesmo omissões, como deixar o animal sem comida ou acorrentado o tempo todo, podem configurar maus-tratos. Ou seja, não é preciso que haja agressão física visível para caracterizar o crime.
Em casos de dúvida, o ideal é acionar uma ONG local ou a polícia militar ambiental. Agir rapidamente pode salvar vidas.
Qual a pena para maus-tratos de animais?
A legislação brasileira evoluiu nos últimos anos. Desde 2020, com a sanção da Lei 14.064, as penas para quem maltrata cães e gatos foram endurecidas. Agora, o infrator pode pegar de 2 a 5 anos de reclusão, além de multa e a proibição da guarda de animais.
No caso registrado em Camaquã, a Brigada Militar lavrou um Termo Circunstanciado, com base no laudo emitido pela veterinária Susane Medronha Kohlbach.
A expectativa é de que o processo avance na Justiça, como forma de garantir a responsabilização do tutor.
ARCA em situação de superlotação
Apesar dos esforços, a realidade da ARCA é de extrema dificuldade. Atualmente, a associação cuida de cerca de 717 animais, sendo aproximadamente 500 na sede e 230 no Canil Municipal.
Com isso, os custos mensais ultrapassam R$ 70 mil — apenas com ração são consumidas 7 toneladas, que custam cerca de R$ 39 mil.
Além disso, há despesas com medicamentos, limpeza, salários, água e serviços veterinários, que somam mais R$ 33 mil.
Diante desse cenário, a entidade pede ajuda urgente da comunidade — seja com doações de ração ou por meio de Pix para o CNPJ: 17.937.927.0001-55.
Quem não pode adotar pode oferecer um lar temporário. Cada pequeno gesto conta na reconstrução da dignidade desses animais.
Entrevista com voluntária
Para ampliar o debate sobre maus-tratos e abandono de animais em Camaquã, a vereadora Ivana de Paula concedeu entrevista ao programa Controle Geral, da Clic Rádio, no último dia 19 de abril.
Conhecida por sua atuação voluntária em defesa dos animais, Ivana abordou a crise financeira enfrentada pela ARCA, os desafios dos resgates e a falta de políticas públicas efetivas.
Ela também destacou a importância de fiscalizar e denunciar casos de maus-tratos no município.
A entrevista completa pode ser assistida abaixo:
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