Carga de leite condensado: relatório do MTE aponta excesso de peso em máquina em acidente em supermercado
O acidente aconteceu no dia 9 de março e foi registrado por câmeras de segurança do estabelecimento. Nas imagens, um funcionário opera uma transpaleteira enquanto a jovem de 19 anos caminha entre as gôndolas. Instantes depois, a pilha de caixas de leite condensado despenca de quase cinco metros de altura e atinge a cliente em cheio.

A carga de leite condensado que despencou sobre uma jovem cliente em um supermercado de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, era mais que o dobro do peso suportado pelo equipamento utilizado. A conclusão consta em um relatório técnico emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), divulgado após a investigação do caso que ganhou repercussão nacional nas redes sociais.
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O acidente aconteceu no dia 9 de março e foi registrado por câmeras de segurança do estabelecimento. Nas imagens, um funcionário opera uma transpaleteira enquanto a jovem de 19 anos caminha entre as gôndolas. Instantes depois, a pilha de caixas de leite condensado despenca de quase cinco metros de altura e atinge a cliente em cheio.
Segundo o MTE, a máquina operava com 1,6 tonelada de leite condensado, mas o equipamento suportava, no máximo, 750 kg para aquela altura de elevação. Ou seja, o peso transportado era mais do que o dobro do permitido. O laudo técnico considerou o fato uma grave falha de planejamento e segurança.
Carga de leite condensado: Supermercado é autuado por diversas irregularidades trabalhistas
O relatório do Ministério do Trabalho também identificou várias infrações por parte do supermercado, que foi autuado. Entre os problemas, destacam-se a ausência de dispositivos que limitam o peso ou altura da carga, a falta de capacitação periódica do operador da transpaleteira, e a inexistência de procedimentos claros de segurança no manuseio de equipamentos pesados.
Além disso, o supermercado não possuía uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) ativa, o que é exigido por lei para empresas desse porte. O Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) também foi considerado falho, pois não identificava o risco da operação que terminou no acidente.
Outro ponto levantado pelo MTE foi a ausência do cartão de identificação do operador da empilhadeira, documento que comprova a aptidão do funcionário para utilizar o equipamento. O funcionário envolvido na ocorrência foi demitido em 20 de março, segundo a defesa.
Carga de leite condensado: Jovem ferida passou por cirurgia e segue em recuperação
A vítima do acidente com a carga de leite condensado é uma jovem de 19 anos, que precisou ser hospitalizada com ferimentos graves. De acordo com a família, ela passou por uma cirurgia de emergência e precisou colocar 12 pinos na região do abdômen devido ao impacto sofrido.
Atualmente, a jovem se recupera em casa, mas ainda sente dores e precisa de acompanhamento médico constante. O caso foi classificado como lesão corporal culposa, ou seja, sem intenção de ferir, e está sendo investigado pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul.
O operador da empilhadeira assinou um termo circunstanciado e poderá responder judicialmente pelo ocorrido, dependendo da conclusão do inquérito policial.
Imagens do acidente chocaram o país e geraram comoção nas redes sociais
O vídeo do acidente, que mostra o momento exato em que a carga de leite condensado despenca, viralizou em diversas redes sociais. As imagens geraram forte comoção e revolta, especialmente por se tratar de uma situação que poderia ter sido evitada com a adoção de medidas básicas de segurança.
Diversos internautas cobraram responsabilidade por parte do supermercado, especialmente após a divulgação de que a transpaleteira operava fora dos limites recomendados pelo fabricante. No vídeo, é possível ver clientes correndo para ajudar a vítima, retirando as caixas de cima dela até a chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).
Via Atacadista se pronuncia e diz seguir legislação trabalhista
Procurada, a empresa responsável pelo supermercado, Via Atacadista, emitiu uma nota oficial na qual afirma que “sempre pautou suas atividades pelo cumprimento da legislação trabalhista vigente, adotando práticas responsáveis e comprometidas com a integridade nas relações de trabalho”.
No entanto, diante do relatório do MTE e da repercussão do caso, especialistas em segurança do trabalho consideram que o episódio evidencia a necessidade de maior rigor no treinamento de funcionários e na gestão de riscos operacionais em grandes redes varejistas.
Segurança do trabalho entra em pauta após o caso
O acidente em Canoas reacendeu debates sobre segurança no ambiente de trabalho e a responsabilidade das empresas na prevenção de acidentes com funcionários e clientes. Casos como esse demonstram que o descumprimento de normas pode colocar vidas em risco e gerar danos irreparáveis.
De acordo com engenheiros e técnicos em segurança consultados por veículos locais, operações com equipamentos de elevação de carga, como transpaleteiras e empilhadeiras, exigem formação contínua, sinalização adequada e manutenção periódica dos equipamentos. A negligência em qualquer dessas etapas pode resultar em tragédias como a ocorrida em Canoas.
Enquanto a jovem segue em recuperação e a investigação avança, o caso serve como alerta não apenas para o setor varejista, mas para todas as empresas que lidam com movimentação de cargas e atendimento ao público.