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23 de maio de 2025
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O que se sabe sobre ataque de onça no Pantanal

Caseiro morreu, onça foi capturada e instituto já havia alertado sobre riscos


Por Pablo Bierhals Publicado 24/04/2025
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Foto: PMA. O que se sabe sobre ataque de onça no Pantanal.

A onça-pintada apontada como responsável pela morte do caseiro Jorge Ávalos, de 60 anos, foi capturada na madrugada desta quarta-feira (24) no Pantanal sul-mato-grossense. O animal, um macho com cerca de 94 kg, foi localizado enquanto rondava a mata próxima ao local do ataque, na região do Touro Morto, zona rural de Aquidauana.

Após a captura, a onça foi encaminhada ao CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), em Campo Grande, onde passará por exames médicos. Segundo a PMA-MS (Polícia Militar Ambiental do Mato Grosso do Sul), o felino estava visivelmente magro e, por precaução, o centro será isolado e terá acesso restrito a profissionais autorizados.

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Ataque predatório e consequências para a conservação

A morte de Jorge Ávalos, que trabalhava como caseiro em um pesqueiro à margem do Rio Miranda, foi causada por um ataque predatório, quando o felino mata com o objetivo de se alimentar. A informação foi confirmada por Tiago Leite, biólogo e coordenador técnico do Instituto Profauna, que estuda o comportamento de grandes felinos no Brasil. Já existe consenso entre os pesquisadores que o corpo da vítima serviu de alimento para o animal.

Apesar do impacto do caso, Leite reforça que esse tipo de ataque é extremamente raro, mas pode ocorrer quando um indivíduo tem êxito, podendo passar a considerar o ser humano como um recurso alimentar.

O futuro da onça ainda é incerto. Segundo o biólogo, há duas possibilidades em discussão: soltura em uma área silvestre mais isolada ou transferência para o Instituto Onça Pintada, em Goiás. Esta última alternativa tem gerado críticas de conservacionistas, que defendem que a decisão deve priorizar tanto o bem-estar do animal quanto a segurança da população local.

Prática de “cevar” onças pode ter contribuído para o ataque

A tragédia reacendeu um alerta feito há cinco anos pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP) sobre a prática da “ceva” de onças-pintadas no Pantanal, quando há o fornecimento proposital de alimento para atrair os animais. Um vídeo divulgado em 31 de julho de 2020 pelo biólogo Sergio Barreto mostra uma onça próxima a um barco na região e denuncia o impacto ambiental da prática, considerada crime ambiental.

De acordo com o IHP, alimentar felinos selvagens altera seu comportamento natural e pode aumentar o risco de ataques a humanos, especialmente em áreas com fluxo turístico.

Buscas e descobertas

Os restos mortais de Jorge foram encontrados no último dia 22, próximos a uma toca de onça. A busca envolveu familiares, pescadores locais, guias e uma equipe da PMA-MS, acompanhada do pesquisador Gediendson Araújo, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). Vídeos compartilhados por moradores mostram marcas de sangue na área do ataque, próximo ao pesqueiro conhecido como Touro Morto.

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Jorge Ávalos, de 60 anos

Alerta sobre desinformação e retaliação

Especialistas alertam que casos como o de Jorge Ávalos, embora chocantes, não devem servir de justificativa para retaliações contra a fauna silvestre. “Infelizmente, esse tipo de evento acaba ganhando grande repercussão por ser um evento traumático que causa um certo terror, e isso acaba gerando muita especulação e uma série de problemas”, diz. Ele alerta ainda que, após eventos como esses, a população pode buscar “fazer justiça com as próprias mãos”.

A onça-pintada (Panthera onca) é o maior felino das Américas e está na lista de espécies vulneráveis à extinção. A conservação desses animais depende, segundo ambientalistas, de ações integradas que envolvam monitoramento, educação ambiental e combate a práticas ilegais.

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