Fotojornalista Evandro Teixeira morre aos 88 anos
A causa da morte, segundo familiares, foi falência múltipla de órgãos em decorrência de complicações de uma pneumonia
O fotojornalista Evandro Teixeira morreu aos 88 anos nesta segunda-feira (4), na Clínica São Vicente, na Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro. A causa da morte, segundo familiares, foi falência múltipla de órgãos em decorrência de complicações de uma pneumonia.
Teixeira tinha mais de 70 anos de carreira e deixa uma obra em que registrou momentos históricos do Brasil e do mundo, com destaque para a ditadura militar brasileira. Ele registrou boa parte do que de mais importante aconteceu na segunda metade do século 20.
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A maior parte de sua carreira foi no Jornal do Brasil, onde passou 47 anos. Integrou uma exposição da Leica, em Nova York, ao lado de nomes como Cartier-Bresson e Robert Capa. No entanto, ele tinha no brasileiro José Medeiros (1921-1990) sua maior referência. Foi com o fotógrafo da revista Cruzeiro com quem fez um curso de fotografia por correspondência.
Com mais de 150 mil fotos, seu acervo reúne imagens icônicas de Pelé e Ayrton Senna, cobertura sobre a fome e a pobreza no país, bem como do carnaval e de festas populares. Suas obras integram coleções de instituições como o Museu de Arte de São Paulo (Masp) e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ). O acervo completo está no Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro.
Teixeira fotografou um dos registros mais emblemáticos do início do regime militar, a fotografia “Tomada do Forte de Copacabana” (1964) capturada em meio ao golpe.
Evandro Teixeira
Nascido na Bahia, em 1935, Evandro Teixeira deixou Irajuba, um povoado a 307 quilômetros de Salvador, para fotografar o Brasil. Ainda jovem, fez um curso de fotografia à distância e, em 1957, chegou ao Rio de Janeiro com uma carta de recomendação para trabalhar no Diário da Noite.
Logo depois, foi convidado a integrar a equipe do Jornal do Brasil, onde trabalhou por 47 anos, tornando-se uma referência no fotojornalismo. Em quase 70 anos de carreira, registrou eventos marcantes como o golpe militar de 1964 e a ocupação do Forte de Copacabana em 1º de abril de 1964.
Com a câmera escondida, ele se disfarçou de oficial sem farda, acompanhado por um amigo militar.Em seguida, bateu a poética foto que estampou a primeira página do Jornal do Brasil no dia seguinte, com militares em contraluz debaixo de chuva.
Em 1973, viajou ao Chile para cobrir o golpe militar de Augusto Pinochet. Nesse período, cobriu o funeral de Pablo Neruda, fazendo no enterro outra de suas imagens célebres.
Além do livro sobre 1968, Teixeira publicou outros livros, incluindo “Fotojornalismo” (1983) e “Canudos: 100 anos” (1997).