Fraude no INSS: agências do RS alertaram sobre irregularidades desde 2023

Fraude no INSS: Durante três anos consecutivos, agências do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no Rio Grande do Sul enviaram alertas à direção do órgão sobre descontos não autorizados em contracheques de aposentados e pensionistas. Os registros fazem parte de um dossiê com 98 páginas, obtido por veículos de imprensa, revelando um padrão sistemático de denúncias.
Leia também:
📱 Clique para receber notícias de graça pelo WhatsApp.
- Nota Fiscal Gaúcha: 10 entidades camaquenses recebem recursos
- Bolão fatura 25 milhões no Concurso 2.855 da Mega-Sena
- Comércio de Camaquã poderá abrir em sete domingos entre maio de 2025 e março de 2026
A documentação comprova que os segurados afetados relataram nunca terem autorizado os valores descontados, nem conhecerem as entidades para as quais os recursos estavam sendo enviados. Os valores variavam entre R$ 30 e R$ 100 por mês, e a prática começou, segundo as denúncias, em 2023.
Fraude no INSS: Prejuízo bilionário e operação nacional da Polícia Federal
As denúncias ganharam força após a abertura de uma investigação pela Polícia Federal em 2024. Desde então, a operação identificou que os desvios podem chegar a R$ 6,3 bilhões em todo o país, afetando milhares de beneficiários do INSS.
Ao todo, 11 entidades suspeitas foram citadas nos documentos, sendo alvos de medidas judiciais em 13 estados e no Distrito Federal. Entre os envolvidos, estão o atual presidente do INSS e cinco servidores que foram afastados de suas funções por determinação judicial.
Fraude no INSS: Esquema envolvia falsas associações de aposentados
De acordo com a apuração da PF, os valores eram debitados como se os beneficiários tivessem se associado a entidades de apoio a aposentados, o que não acontecia na realidade. Essas organizações alegavam oferecer vantagens como assistência jurídica e descontos em serviços, mas não tinham infraestrutura para prestar os serviços prometidos.
Em muitos casos, assinaturas foram falsificadas e documentos exigidos para autorizar os descontos jamais foram entregues ao INSS. A Controladoria-Geral da União (CGU) também aponta que, em 72% das situações analisadas, a documentação obrigatória sequer existia.
Fraude no INSS: CGU confirma que maioria nunca autorizou os descontos
A investigação começou na esfera administrativa, pela CGU, em 2023. Em 2024, os dados coletados foram suficientes para envolver a PF e instaurar 12 inquéritos formais. Uma pesquisa com 1.273 beneficiários revelou que 97% nunca consentiram com os descontos.
O ministro da CGU, Vinícius de Carvalho, afirmou que o padrão identificado revela fraudes estruturadas, com uso de artifícios ilegais como falsificação de assinaturas e adesões forjadas. A situação evidencia um colapso nos mecanismos de controle interno do INSS e abre debate sobre a vulnerabilidade de sistemas que envolvem diretamente o pagamento de aposentadorias.
Governo promete ressarcimento e contratos são suspensos
Após o escândalo vir à tona, o governo federal se comprometeu a realizar o ressarcimento integral dos valores descontados indevidamente. Os contratos entre aposentados e as entidades envolvidas foram suspensos.
A expectativa agora é que o Ministério da Previdência implemente mecanismos mais rígidos de verificação para autorizações de desconto, exigindo novos critérios de validação digital e física. Especialistas alertam que, sem reformular os sistemas de auditoria, novas fraudes podem ocorrer em escala semelhante.
Como saber se houve desconto indevido no benefício?
Aposentados e pensionistas podem verificar se há descontos irregulares diretamente pelo aplicativo ou site Meu INSS. Na tela inicial, o usuário pode acessar a seção “Mensalidade Associativa” e visualizar todas as deduções do benefício.
Caso identifique alguma cobrança sem consentimento, é possível solicitar a exclusão ou bloqueio imediato. Isso pode ser feito online, pelo próprio app, ou ligando para a Central 135. O serviço também está disponível presencialmente em agências do INSS ou diretamente com a entidade cobradora, quando identificada.
Crimes sob investigação e próximos passos da Justiça
Entre os crimes apurados pela Polícia Federal estão corrupção ativa, corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro, falsidade documental e violação de sigilo funcional. A complexidade do esquema revela um nível elevado de coordenação entre agentes públicos e entidades privadas.
Os investigados poderão responder criminalmente e, se condenados, enfrentar penas que somam décadas de prisão. O INSS, por sua vez, deve passar por uma reestruturação interna, com foco em compliance e rastreabilidade das ordens de desconto.
Aposentados cobram mais transparência e segurança
A repercussão do caso trouxe à tona uma preocupação antiga de aposentados: a falta de controle sobre os descontos aplicados nos benefícios. Muitas vezes, esses valores passam despercebidos por meses, ou mesmo anos, até que sejam identificados por familiares ou contadores.
Entidades de defesa do consumidor e aposentados pedem que o governo federal disponibilize alertas automáticos por SMS e e-mail sempre que um novo desconto for autorizado, além de facilitar os processos de contestação e reembolso.