Brasil importa apenas 1% dos alimentos com taxa zerada, aponta levantamento
Se as importações são poucas, não têm uma participação grande nos produtos comprados pelos consumidores, fazendo com que que o peso da medida nos preços tende a ser mínimo

Um levantamento realizado pelo portal Poder 360 mostra que os alimentos com taxa zerada são apenas 1% do que o Brasil importa, fazendo com que a medida anunciada na última quinta-feira (6) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenha impacto limitado para frear a inflação e conter o aumento dos preços.
Se as importações são poucas, não têm uma participação grande nos produtos comprados pelos consumidores, fazendo com que que o peso da medida nos preços tende a ser mínimo. Muitas dessas comidas, inclusive, são produzidas em terras brasileiras, e algumas delas com grande representatividade produtiva, como a carne e o café.
📱 Clique para receber notícias de graça pelo WhatsApp.
Também de acordo com o levantamento, o açúcar, por exemplo, representa só 0,04% (ou 66,8 milhões de kg) do total importado pelo Brasil em 2024. A carne bovina tem um percentual ainda menor: 0,02% (40,6 milhões de kg).
Já o gasto pelo Brasil todos os produtos importados no ano foi de US$ 262,9 bilhões. O valor destinado à compra dos alimentos que serão isentos pelo governo representou só 0,64% desse total.
Com café importado, por exemplo, foi gasto durante todo o ano passado US$ 89,5 milhões –0,03% do montante total. O que mais se destinou recursos foi para a compra de azeite de oliva (US$ 780,5 milhões) que, ainda assim, não chega a 0,5%.
Metodologia do levantamento
O Poder360 levantou os dados no Comex Stat, plataforma de dados do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços). Ao divulgar os alimentos, o governo só falou os nomes dos produtos de forma genérica. Não detalhou quais são os códigos usados para classificações em transações internacionais.
O Poder360 entrou em contato com a assessoria de imprensa do Mdic via WhatsApp às 20h54 para perguntar se seria possível divulgar o NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) dos itens. A resposta foi: “Não temos”.
Esses códigos são utilizados para fazer buscas nas ferramentas do Comex Stat, plataforma usada para levantar os dados para a reportagem. Pode ser que haja alguma diferença residual em relação aos termos técnicos realmente considerados pela equipe de Lula.
Com isso, para criar as categorias utilizadas neste post, somaram-se os valores de códigos específicos relacionados aos produtos. Por exemplo, para criar a categoria “azeite”, levou-se em consideração:
- azeite de oliva (oliveira) extra virgem;
- outros azeites de oliva;
- azeite de oliva (oliveira) virgem;
- azeite de oliva refinado.
Não havia dados relacionados ao óleo de palma, outro alimento anunciado como isento por Lula.