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14 de dezembro de 2024
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Tempo seco já afeta gravemente as lavouras gaúchas


Por Redação Clic Camaquã Publicado 26/12/2013
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O sol forte e o clima seco dos últimos dias começam a trazer prejuízos aos agricultores gaúchos, que esperavam colheita recorde de 30,7 milhões de toneladas na safra 2013/2014. A grande ameaçada é a lavoura de milho, que está em fase crítica de desenvolvimento (florescimento e enchimento de grão), e, em algumas regiões, pode registrar perda de mais de 20%. Em áreas pontuais nos municípios de Victor Graeff, Ernestina e Tio Hugo, o prejuízo com a falta de chuva pode chegar a 50%, informa o superintendente de produção agropecuária da Cotrijal, Gelson Lima, que participou de reunião para debater o problema na segunda-feira. 

Segundo ele, há produtores que já estão encaminhando comunicados de perda ao Proagro e a tendência é que os pedidos aumentem nos próximos dias. “Vínhamos com um desenvolvimento muito bom, mas, agora, tivemos temperaturas muito altas”, justifica. Com alta transpiração, as plantas se enrugam para não perder umidade, têm redução do sistema metabólico e enfrentam a desidratação dos grãos de pólen. A MetSul Meteorologia alerta que o calor extremo previsto para hoje e amanhã deve causar ainda mais estresse nas plantas. Apesar de estar resguardada de maiores riscos neste momento, a soja também é alvo de preocupação. Segundo Lima, é preciso que as plantas se desenvolvam adequadamente agora para suportarem boa produtividade mais adiante.

A baixa umidade do solo também é alvo de alerta na região da Cooplantio. Segundo o gestor da área técnica, Dirceu Gassen, medições na temperatura do solo feitas ontem, em Santa Rosa, indicavam 69 graus em áreas sem palha, 36 graus em terrenos cobertos e 30 graus nas folhas. “Isso indica que ainda há água no solo, mas em algumas regiões não chove há 12 dias”, pontua o agrônomo. Entre as áreas de risco, destaca, estão os terrenos baixos de várzea da Metade Sul, que foram inundados há alguns meses e agora estão secos, impedindo a semeadura da soja.

No Vale do Taquari, o calor intenso e a falta de chuva há três semanas prejudicam o milho, o feijão e a soja, além das pastagens para alimentação do gado. Conforme o engenheiro agrônomo Nilo Cortez, a soja está na fase de germinação, necessitando urgentemente de chuva, assim como o feijão, que está no enchimento das vagens. “O certo é que este ano não vamos ter uma safra cheia”, lamenta Cortez, lembrando que a previsão é de que vai demorar mais uma semana até a chuva chegar e isto deve prejudicar mais a safra.

Prejuízos também no Vale do Rio Pardo. O gerente técnico da Afubra, Iraldo Backes, explica que o calor desidrata as folhas do tabaco, e o agricultor perde na classificação durante a comercialização. Conforme Backes, muitas folhas que seriam classificadas como do tipo O em condições normais acabam passando para o subtipo K, de cor mais acinzentada devido ao sol forte.

Os problemas com o calor dos últimos dias atingem a região baixa do Vale do Rio Pardo, onde não chove há dez dias e muitas lavouras estão com poucas folhas nos pés e a desidratação é maior. Para evitar prejuízos maiores, Backes recomenda que os produtores se previnam com a colheita por talão. “Eles apanham todas as folhas de uma única vez. Ou seja, nas plantas onde ainda há oito folhas, eles colhem todas em vez de apenas quatro e as outras quatro mais tarde”, sugere. Mas o procedimento, muitas vezes, depende da capacidade das estufas e da mão de obra disponível. “O agricultor pode até perder algumas folhas, mas ganha na qualidade.”

Encerrada a safra de tabaco, os produtores partem para o plantio do milho na resteva. Backes afirma que existe expectativa de boa produção. Ele observa que as condições climáticas das últimas semanas não afetam o trabalho se for com o plantio direto. No entanto, o serviço ficará prejudicado caso o produtor opte por remover a terra. A predominância de tempo seco deverá reduzir a produtividade do milho da safra. De acordo com o técnico agrícola da Emater de Santa Cruz do Sul, Carlos Corrêa da Rosa, é importante chover durante esta semana.

Calorão deforma os moranguinhos

A previsão de até 40 graus desanima os produtores gaúchos de moranguinho do Vale do Caí. Fruta sensível, o morango gosta de temperatura entre 15 e 20 graus. Acima ou abaixo disso, é problema na certa na polinização, o que ocasiona a deformação da fruta e freia seu crescimento. Por consequência, o produtor perde dinheiro na hora de vender, já que o consumidor está interessado não só no sabor, mas na aparência, e ninguém quer levar morangos retorcidos para casa.

A boa notícia é que o calor mais forte tem pegado a safra ao final da colheita, quando o preço começa a subir, o que ameniza o impacto financeiro. O preço ao produtor hoje varia de R$ 1,66 a R$ 2,50 pela bandeja de 300 gramas. A driblada no clima tem sido possível graças ao maior uso de variedades de dias neutros, de origem espanhola e americana nos últimos dez anos. Hoje, segundo o assistente técnico da Emater Derli Paulo Bonine, 70% da produção vem destas variedades que anulam a influência do comprimento do dia. O técnico acrescenta que a migração de túneis baixos para estufas mais altas que garantem ambiente mais arejado, o chamado cultivo em substrato, também ameniza a depreciação causada pelo calor.

Previsão para o RS

• Atualmente, o índice de umidade do solo gaúcho é muito baixo na Metade Sul e no Centro no Estado, além de pontos na Metade Norte, como na região de Passo Fundo e Carazinho.

• A previsão para o verão 2013/2014 é de temperaturas acima da média, mas com períodos de marcas amenas, sem ocorrência de El Niño e La Niña (neutralidade).

• As pancadas de chuva devem retornar ao Rio Grande do Sul de forma muito localizada hoje e amanhã. No fim de semana e no começo da próxima, as pancadas atingem um maior número de localidades, mas a distribuição das precipitações segue irregular.

• Um risco para as lavouras será a ocorrência de granizo durante os temporais isolados previstos para os próximos dias.

• A chuva aumenta no mês de janeiro, especialmente na Metade Norte, onde as precipitações podem ficar acima da média, inclusive com volumes excessivos em alguns locais. 

• Na segunda metade do verão, entretanto, volta a se acentuar a irregularidade da chuva.

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