Retorno das chuvas e calor favorece fruticultura gaúcha
As altas temperaturas têm beneficiado as frutas, intensificando cor e sabor, mas também interferindo no tamanho dos frutos, devido à baixa umidade no solo. Com o mercado aquecido, frutas como a uva estão em plena colheita. De acordo com o Informativo Conjuntural elaborado pela Emater/RS-Ascar, na Serra gaúcha iniciou-se a colheita das uvas superprecoces para processamento e elaboração de vinho e espumantes, como a Chardonnay (branca) e a Pinot Noir (tinta), com bom grau de açúcar e sanidade e vinhais apresentando altas produtividades, bem acima das médias históricas.
Na região Centro-Serra do Rio Grande do Sul, as chuvas dos últimos dias predispõem os parreirais ao ataque do míldio, levando os agricultores a efetuarem os tratamentos preventivos, principalmente nas variedades de uva mais tardias. As plantas estão com desenvolvimento normal, boa carga e frutos com bom teor de açúcar. No dia 24 de janeiro, será realizada a abertura oficial da colheita da uva na região.
Na região Centro-Sul, a cultura da uva está em fase de maturação. É bastante desuniforme a coloração dos grãos e, devido às chuvas fortes do final de semana, começa a preocupar o excesso de umidade. A estimativa de produtividade inicial era de 10 t/ha, mas devido a problemas climáticos estima-se uma redução na produtividade em torno de 20%, atingindo cerca de 8 t/ha. Embora a produtividade esteja abaixo da média, em função da ocorrência de frio, chuva e vento durante a floração, a colheita já teve início em algumas propriedades e a qualidade da uva está muito boa, com baixíssima incidência de podridões nos cachos.
Também na região Centro-Sul do Estado, a maior parte das lavouras de melancia está em final de colheita. As altas temperaturas em dezembro forçaram a maturação dos frutos, que ficaram com baixo peso, e o abortamento de flores inibiu a formação de novas camadas de frutas. Em função das condições climáticas, a redução na produtividade esperada varia de 40 a 60%, resultando em produtividades médias de 12 a 18 t/ha. O produto ofertado é de boa qualidade, embora alguns lotes não apresentem boa aparência, fazendo que o preço seja baixo. O valor para mercados fora do Estado é de R$ 0,30 o quilograma e, na Ceasa-RS, é de R$ 0,80 a R$ 3,00 a fruta.
No Litoral Norte do Rio Grande do Sul, não há concentração da produção de banana, contrariando o que ocorria em anos anteriores, nesta época do ano. O mercado está aquecido para o tipo Prata, com tendência de alta, pois alguns negócios já são praticados com preços superiores a R$ 24,00. Já para o tipo Caturra, embora tenha havido redução de preços, ainda é boa a cotação nos principais mercados do país, que mantêm também boa a cotação local, com a caixa de 20 kg de banana Caturra sendo comercializada a R$ 12,00, para a de primeira qualidade, e a R$ 6,00 a caixa da banana de segunda.
O cultivo do morango na região do Vale do Caí segue em produção, principalmente em cultivo protegido e em substrato. Neste momento, os produtores estão usando os canteiros e resíduos da adubação para o cultivo de melão ou pepino salada. Alguns agricultores mantiveram as plantas de cultivos saudáveis e deverão efetuar limpeza e poda em março, visando à antecipação de colheita, até que os novos plantios entrem em produção. Até lá e já a partir do dia 15 deste mês de janeiro, a maioria dos cultivos de dia neutro ou de ciclo longo, como a Albion e San Andréas, cuja produção continua no verão, embora com redução do volume colhido, recebem uma poda mais drástica, que constitui-se em cortar a parte aérea da planta a cerca de 10 a 12 cm da sacola, deixando as folhas novas em melhores condições de desenvolvimento.
Forrageiras – Nas regiões da Campanha e Fronteira Oeste, os campos nativos em solos profundos ainda apresentam boa oferta de forragem, mas nas áreas de solos rasos e com afloramento de rochas, a disponibilidade ainda é pequena. As chuvas que ocorreram nessas duas últimas semanas beneficiaram estas pastagens, que deverão iniciar o rebrote, melhorando inicialmente a qualidade da pastagem e, posteriormente, a sua disponibilidade. A condição de manejo de pastagem será primordial para uma boa recuperação do campo nativo, valorizando o potencial de recuperação deste recurso forrageiro e favorecendo a alimentação dos rebanhos.
Ovinocultura – O rebanho gaúcho permanece apresentado boas condições nutricionais e sanitárias, embora as precipitações das últimas semanas, aliadas às altas temperaturas, possam contribuir para o aparecimento de endoparasitas. O manejo realizado atualmente é a esquila dos cordeiros e, como há finalização de desmame, também se faz a seleção de ovelhas que serão descartadas. A comercialização de ovinos para abate segue normalmente.
GRÃOS DE VERÃO
As altas temperaturas e a forte radiação têm beneficiado a cultura do arroz, com as lavouras acelerando o processo de floração (22%), bem como seu desenvolvimento vegetativo (65%). Apesar do descompasso em relação aos anteriores, não há relatos de maiores consequências quanto aos rendimentos que podem ser esperados para o Estado.
Com o retorno das chuvas e da umidade no solo, foi possível quantificar as perdas da cultura do milho devido à pequena estiagem ocorrida em dezembro. Segundo levantamentos preliminares realizados pelos técnicos dos escritórios municipais da Emater/RS-Ascar, a perspectiva de produtividade média da safra deste ano para o Estado, que é de 4.912 kg/ha, é passível de ser atingida. Apenas em casos pontuais ocorreram prejuízos mais acentuados, principalmente em áreas no entorno de Ijuí e Passo Fundo, que apresentam rendimentos abaixo do esperado inicialmente. Assim, as primeiras lavouras colhidas (5% do total plantado), tanto para silagem como para grão, apresentam excelentes rendimentos. Atualmente, 17% das lavouras de milho estão maduras e por colher, 35% em enchimento de grãos, 18% em floração e 25% em desenvolvimento vegetativo.
A cultura da soja apresentou rápida recuperação do crescimento nos últimos dias, tendo sido observado um aumento substancial da emissão de ramos laterais nas plantas, o que poderá contribuir para o atingimento das perspectivas de produtividade iniciais (2.629 kg/ha), embora o porte das plantas seja baixo. Também se observa a emissão de folhas novas, maiores e de coloração verde mais intensa, o que configura um bom padrão para maioria das lavouras. Após as chuvas, observou-se ligeiro aumento no surto de lagartas, com muitas dúvidas sobre a presença da Helicoverpa armigera. Nas áreas monitoradas pela Emater/RS-Ascar, foi possível identificar apenas Anticarsia e Plusia. A presença de mariposas de Helicoverpa, atraídas pelo feromônio e capturadas em armadilhas, não foi mais constatada após o final do ano. Atualmente, 88% das lavouras de soja estão em germinação e desenvolvimento vegetativo e 12% em floração.
As condições climáticas voltaram a ser favoráveis para a cultura do feijão, que poderá manter a produtividade inicialmente esperada para o Estado, de 1.260 kg/ha, mesmo que em algumas áreas os danos causados pela falta de umidade sejam irreversíveis. Até o momento, a lavoura evolui com bom padrão a campo e sem problemas fitossanitários que comprometam a produção. Os produtores estão monitorando as pragas. A colheita já atinge 42% da área. No Vale do Rio Pardo e Centro Serra, já iniciou o plantio do feijão safrinha.
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Texto: Adriane Bertoglio/Emater-rs/Clic Camaquã