“É preciso 7 hectares de milho para auferir a mesma renda de um único hectare de tabaco”, afirma presidente do SindiTabaco sobre importância econômica do setor
Iro Schünke falou sobre deliberações da COP 10 que podem impactar cadeia produtiva
As diretrizes adotadas durante a 10ª Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT), realizada de 5 a 10 de fevereiro, no Panamá, podem trazer consequências negativas para toda a cadeia produtiva no Brasil. E, segundo o SindiTabaco, isso vem com o agravante de a delegação brasileira não demonstrar disposição para defender o setor que envolve mais de 500 mil trabalhadores no campo e tem 90% da sua produção exportada, gerando anualmente US$ 2,73 bilhões em divisas e quase R$ 15 bilhões em impostos.
De acordo com o presidente do SindiTabaco, Iro Schünke, s membros da CQCT já tentaram, sem sucesso, implementar alternativas ao cultivo do tabaco e todas esbarraram na viabilidade econômica, no perfil das pequenas propriedades ou em aspectos de mercado. Segundo ele, é preciso 7 hectares de milho para auferir a mesma renda de um único hectare de tabaco, demonstrando a importância econômica do setor.
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A própria indústria de tabaco já incentiva a diversificação para que o produtor tenha um complemento de renda. Desde 1985, o programa Milho e Feijão após a colheita do tabaco gera renda extra no campo. Na última safra, mesmo com os efeitos adversos do clima, os resultados foram superiores a R$ 650 milhões.
O executivo questiona:
Considerando o contexto de mercado mundial, que ainda tem uma grande demanda pelo produto, e que o Brasil é o maior exportador de tabaco do mundo há mais de três décadas, faz sentido liderarmos esse tipo de discussão?
Outra decisão da COP 10 foi a implementação de trabalhos para discutir os impactos do tabaco no meio ambiente, tema levantado pela delegação brasileira. A proposta da COP 10, de análise de impactos ambientais, está ligada ao Artigo 18 da CQCT, que fala de proteção do ambiente e da saúde das pessoas. A sugestão é de que os 182 países membros façam estudos sobre os impactos ambientais no cultivo, fabrico e consumo de produtos do tabaco, bem como sobre os resíduos gerados.
Sobre a questão ambiental, o presidente exemplifica o fomento ao Sistema Integrado de Produção de Tabaco (SIPT), do cultivo de florestas energéticas para promover a preservação da mata nativa. Como resultado, atualmente, 14% das propriedades produtoras de tabaco são cobertas por mata nativa e 8% por mata reflorestada.
Outras iniciativas do setor resultaram, por exemplo, na redução no uso de agrotóxicos a apenas 1,01 quilo de ingrediente ativo por hectare, mantendo o tabaco entre as culturas comerciais do agro brasileiro que menos demandam defensivos. E o programa de logística reversa promove o recolhimento e a reciclagem das embalagens do agrotóxico usado nas propriedades, muitas delas utilizadas em outras culturas.
Schünke acredita que que essas iniciativas não são demonstradas, talvez sequer apuradas, considerando o viés unilateral das discussões.
Novos produtos
Sem consenso sobre os DEFs (dispositivos eletrônicos de fumar), o tema foi adiado para a COP 11, que ainda não possui sede definida ou data para acontecer. As divergências ocorreram porque parte das delegações participantes defendia a necessidade de realizar mais estudos. No Brasil, uma consulta pública da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), encerrada no dia 9 de fevereiro, colocou em debate a proposta de manutenção da proibição de comercialização, fabricação e importação, bem como a proibição da publicidade ou divulgação. Os resultados ainda não foram divulgados pela Anvisa.
Tabaco no Brasil
Os números demonstram a grande importância do tabaco no cenário do agro sul-brasileiro. Desde 1993, o Brasil permanece na liderança como maior exportador de tabaco do mundo. Segundo o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC/ComexStat), o Brasil embarcou 512 mil toneladas de tabaco em 2023, o que gerou divisas de US$ 2,729 bilhões. Ao todo, 107 países compraram o produto, tendo a União Europeia em destaque com 42% do total embarcado, seguida de Extremo Oriente (31%), África/Oriente Médio (11%), América do Norte (8%) e América Latina (8%). Bélgica, China, Estados Unidos e Indonésia continuam no ranking de principais importadores. A participação do tabaco nas exportações foi de 0,80% no Brasil, 4,51% na Região Sul e, no Rio Grande do Sul, estado que é o maior produtor, chegou a 11,19%.
Esta publicação contém informações do SindiTabaco.