“Se querem me prender, me prendam. Eu estou cansado”, exclama sócio da Kiss
Depoimento foi marcado por choro de Elissandro Spohr, que afirmou ter perdido amigos e funcionários na tragédia
No final da tarde e durante a noite desta quarta-feira, 8 de novembro, o Júri da Boate Kiss teve um de seus depoimentos mais pesados. O primeiro réu a ser ouvido foi Elissandro Callegaro Spohr, o Kiko, sócio-proprietário da Boate Kiss.
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Conforme os autos do processo, Kiko era o sócio que tocava o dia a dia da casa noturna onde um incêndio matou 242 pessoas e feriu outras 636 no dia 27 de janeiro de 2013, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
Em seu depoimento, marcado por choro e desespero em alguns momentos, Kiko destacou estar cansado após descrever o minuto a minuto da tragédia, uma das maiores da história do Brasil.
“Querem me prender, me prendam. Estou cansado”
No depoimento, Kiko afirmou que perdeu amigos, funcionários e que recebeu mensagens de pessoas dizendo que ele deveria cometer suicídio, nos dias que se seguiram à tragédia.
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Assista ao trecho do depoimento:
Em alguns momentos, Kiko deixou de falar ao microfone do Júri e se virou em direção às famílias das vítimas que acompanham no plenário.
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Ele reiterou que nunca desejou a tragédia e que a Kiss era uma boa casa de festas.
De acordo com o jornalista Humberto Trezzi, da GZH, enquanto Spohr se justificava, aos prantos e gesticulando nervosamente, parentes de falecidos na tragédia deram as mãos e se abraçaram, em corrente.
Enquanto relatava, Kiko entrou em desespero e o juiz comunicou um intervalo de 40 minutos para o jantar.
No início do interrogatório, ele descreveu o princípio dos problemas na Kiss, causados por ruídos que atrapalhavam vizinhos.
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“Era uma vizinha o problema. Eu tentei de tudo pra resolver. (…) Fizemos a obra, trocamos o palco de lugar, e seguia o barulho. A gente fez parede de pedra, forro duplo de gesso com lã de rocha e lã de vidro. Continuou. Vibrava o quarto da vizinha. Foi feito uma parede, ou duas, ou três, de gesso no apartamento da vizinha. Pintei apartamento dela para fazer agrado e troquei janelas, com vidro duplo”
As obras de alvenaria para fazer o isolamento acústico não funcionaram plenamente, disse Spohr, e o engenheiro Miguel Pedroso, que projetou as intervenções, manteve a postura de não recomendar a instalação de espuma.
Spohr disse que havia uma “divergência” entre Pedroso, que não indicava espuma, e o engenheiro Samir Samara, que supostamente teria recomendado esse composto para um “tratamento acústico”. Samara nega ter feito essa indicação.
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Assista o depoimento completo:
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