La Niña está de volta e deve afetar todo o Rio Grande do Sul
Condições oceano-atmosféricas condizentes com a La Niña se desenvolveram durante setembro e deverão continuar, com 87% de chance
A tão esperada chuva, para encher os reservatórios, aconteceu. Setembro teve precipitação acumulada próximo dos 300 milímetros em alguns municípios da Campanha, Região Central e Planície Costeira Interna. Dessa forma, boa parte do RS, incluindo a Metade Sul, ficou com precipitações acima da média.
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As precipitações abundantes foram essenciais para a recuperação dos níveis dos reservatórios localizados na Metade Sul do Estado, que agora estão com 90-95% da capacidade.
Além dos altos volumes de precipitação, na Metade Sul do RS, os eventos de chuva foram mais concentrados e ocorreram ao longo de todo o mês.
Com isso, o solo esteve encharcado por mais tempo, atrasando o início da semeadura do arroz na maioria das regionais do Irga.
A exceção foi a Fronteira Oeste, que teve maior janela de semeadura em relação às demais regiões. As temperaturas oscilaram bastante, dias mais quentes, com cara de verão, e dias mais frios, com cara de inverno.
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Estas oscilações são normais, visto que setembro já é o primeiro mês da primavera, estação de transição e, também, devido aos eventos de chuva, que favorecem essas oscilações, devido às trocas de massas de ar, quentes e frias.
Situação atual do fenômeno ENOS (El Niño-Oscilação Sul) e perspectivas
Em sua última atualização, em 14 de outubro, a NOAA-CPC (National Oceanic and Atmospheric Administration, Climate Prediction Center) divulgou que as condições oceano-atmosféricas condizentes com a La Niña se desenvolveram durante setembro e deverão continuar, com 87% de chance, entre os meses de dezembro/2021 e fevereiro/2022.
Com isso, este fenômeno influenciará o regime de chuvas pela segunda safra seguida, aumentando o risco de estiagem no RS nesta primavera.
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O sistema acoplado é condizente com o da La Niña e assim deverá permanecer nos próximos meses.
Com isso, deverá ser observada redução no volume e na frequência das precipitações nos meses de novembro e dezembro, principalmente.
Relembrando que o efeito do ENOS (El Niño-Oscilação Sul) ocorre durante a primavera.
Durante o verão, outros fatores interferem nas chuvas e, no caso do RS, a temperatura da água do Oceano Atlântico Sul tem bastante influência.
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O IRI (International Research Institute for Climate Society) prevê até 50% de chance das precipitações ficarem abaixo da média no trimestre nov-dez-jan na Metade Sul do RS.
O INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) também prevê que as precipitações fiquem abaixo da Normal em novembro e dezembro, com volumes totais abaixo dos 100mm na Zona Sul e em parte da Campanha e Planícies Costeira Interna e Externa.
Para janeiro, a previsão é de que as precipitações fiquem dentro da Normal em quase todo o Estado, com algumas regiões podendo ter chuvas acima da média.
A Região Central, por exemplo, conforme essa previsão, poderá ter volumes acima dos 160mm (Figura 5).
Precipitação total prevista e anomalia de precipitação prevista para novembro e dezembro de 2021 e janeiro de 2022 no RS. Fonte: adaptado de INMET
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Com a previsão de maiores períodos de tempo mais seco até o final de outubro, a semeadura do arroz no Estado deverá avançar sem maiores problemas.
Outro fator que deixou de ser preocupação relaciona-se aos níveis dos reservatórios, agora praticamente cheios.
No entanto, é necessário que as chuvas ocorram com certa regularidade para manter o nível dos rios e arroios, que são mais variáveis, conforme as chuvas.
Recomendações: focar na semeadura do arroz, para garantir a semeadura durante o período recomendado, permitindo que as cultivares expressem seu potencial produtivo. Realizar também a semeadura da soja para garantir que haja umidade no solo suficiente para o processo de germinação e emergência de sementes, visto que em novembro o volume de precipitações deverá diminuir. É importante atualizar-se quanto à previsão do tempo, para melhor se programar para as atividades diárias.
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Saiba como funciona o La Niña e o El Niño:
Texto: Jossana Ceolin Cera é meteorologista, doutora em Engenharia Agrícola pela UFSM e consultora do Irga.
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