ALERTA PARA BANDEIRA PRETA: Hospitais da Região Metropolitana atingem limite de ocupações de UTI

Em São Leopoldo, o Hospital Centenário ultrapassou a capacidade de atendimento intensivo, com 22 pacientes para 16 leitos habilitados, totalizando 137,5% de ocupação, conforme a atualização do sistema às 13h38.

A solução foi internar pacientes em leitos que ainda estão bloqueados devido à falta de profissionais, como medida emergencial, informou a prefeitura. As equipes se dividem para atender a todos os internados. Conforme o Executivo, o hospital tem seis novos leitos nessa situação.

Já em Gravataí, a ocupação da UTI do Hospital Dom João Becker chegou a 100%, com 10 pacientes internados em todos os leitos disponíveis de UTI. Os leitos Covid, ou seja, leitos clínicos destinados a pacientes de coronavírus, atingiram 110% de ocupação na tarde desta terça, mostram os dados do governo.

Nas demais cidades, inclusive Porto Alegre, o painel de vagas mostra que o esgotamento no atendimento está próximo.

Viamão, por exemplo, tem 25 leitos de UTI disponíveis, dos quais 23 estão ocupados. “A grande preocupação é essa, que as pessoas cheguem e não possamos acolher, por não ter maca, leito, e isso é preocupante”, afirma o diretor técnico do Hospital de Viamão, João Almir Camargo Jorge.

A Capital tinha, até às 17h05, 83,3% dos leitos intensivos ocupados no total. Destes, 40,8% são de pacientes confirmados para coronavírus.

A UTI do Hospital Moinhos de Vento registrou 100% de lotação às 13h27, com pacientes nas suas 63 unidades.

“Entretanto, como essa ocupação é transitória, com vagas liberadas pelas altas, a instituição sempre busca soluções de adaptação de leitos para atender pacientes que necessitem de Terapia Intensiva. Para isso, há disponibilidade de equipamentos e equipes qualificadas”, afirma o hospital, em nota.

Já no Hospital de Clínicas, maior referência no atendimento do coronavírus, o esgotamento está próximo e desde segunda-feira (20), a internação de novos pacientes foi suspensa. Até as 11h31 de terça, o hospital registrava 94,1% da capacidade ocupada, com 143 pacientes nas 152 vagas de tratamento intensivo.

“Isso implica numa incapacidade de receber novos casos porque a gente quer que alguns leitos ainda estejam disponíveis para pacientes internados em urgência”, afirma o coordenador da Comissão de Controle de Infecção do hospital, Rodrigo Pires dos Santos.

O G1 entrou em contato com a Secretaria de Saúde sobre a ocupação dos leitos e as medidas dos hospitais que já tiveram a lotação esgotada, mas até a publicação dessa matéria, não obteve retorno.

Em Porto Alegre, o marido da professora Raquel Ribeiro Nunes necessita de atendimento em UTI após sofrer um infarto. Ele aguarda por uma vaga internado no Pronto Atendimento da Vila Cruzeiro.

“Ele tá [internado] desde quinta-feira e não tem devido à demanda muito grande que tá tendo a Covid“, observa.

“Tu vai ter outra doença que pode não ser Covid e não ter atendimento. Então eu faço um alerta para as pessoas: se cuidem, não só da Covid, de outras doenças também”, afirma.

Na UPA Moacir Scliar, a procura de pacientes também cresceu muito: de 120 pessoas atendidas por dia antes da pandemia, para 400 atendimentos.

“Nos últimos dias nós estamos registrando um aumento na busca de atendimento de pacientes com sintomas respiratórios e com suspeita ou diagnostico de Covid-19”, afirma a gerente da unidade Jaqueline César Rocha.

O governador do estado, Eduardo Leite, lembra que o estado aumentou de 933 para 1630 o número de leitos de UTI desde o início da pandemia.

“Se não tivéssemos feito ampliação de leitos que já fizemos, nós já teríamos esgotado há bastante tempo os leitos de UTI no nosso estado. Não estouramos a capacidade porque houve ampliação num esforço coletivo”, salienta.

A expectativa do governo é seguir incrementando a oferta de leitos, até atingir mais de 1,9 mil. Segundo o governo, 78 leitos aguardam habilitação até o final deste mês.

Nesta terça-feira (21), o Piratini recebeu do ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, que anunciou o envio de mais de 100 respiradores para o estado, para serem implementados em novos leitos. No total, a pasta já encaminhou 535 aparelhos, conforme o governo.

Além dos respiradores, o Ministério da Saúde confirmou o envio de um extrator, utilizado para a realização automatizada de exames RT-PCR. O equipamento chegará, nos próximos dez dias, ao Laboratório Central do Estado (Lacen) e vai ampliar a capacidade de testagem do laboratório de cerca de 400 testes diários para aproximadamente 1 mil.

A Secretaria da Saúde também fez a solicitação de 475 monitores cardíacos, cujo envio foi confirmado pelo Ministério da Saúde. A compra deve ser em agosto.

A taxa geral de ocupação das UTIs no Rio Grande do Sul é de 77,4%, até às 16h desta terça. O estado chegou a 1.349 mortes, conforme o boletim mais recente da Secretaria Estadual de Saúde. Quase 50 mil pessoas foram infectadas pelo coronavírus, das quais 86% já se recuperou.