Tentativas de suicídio entre crianças e adolescentes aumentam 48% em um ano em Camaquã
"A depressão precisa ser levada a sério, não podemos falar nisso apenas quando alguém tira a própria vida" Confira o relato de uma estudante de 14 anos que realiza tratamento no CAICA; Segundo psicóloga, os números crescem cada vez mais
Segundo dados da psicóloga Halinke Farias, do CAICA, as tentativas de suicídio entre crianças e adolescentes aumentaram 48% em um ano em Camaquã. Até setembro de 2018, haviam sido contabilizadas 39 tentativas de suicídio entre crianças e adolescentes de até 18 anos. Até setembro deste ano, foram registradas cerca de 57 tentativas, além de 12 ideações, que é o fato de a pessoa assumir a idéia de cometer o ato.
Ainda segundo a psicóloga, os dados são mais chocantes se forem classificados por gênero. Enquanto as meninas realizam diversas tentativas, os meninos costumam de fato concretizar o ato já na primeira vez que tomam a decisão. O CAICA (Centro de Atendimento Integral a Criança e ao Adolescente) presta apoio psicológico a crianças e adolescentes encaminhados pela escola ou que buscam atendimento por conta própria. “A mudança de comportamento é o principal sintoma da depressão. Eles ficam desanimados, apáticos, quietos” afirma a psicóloga.
A.K.S, de 14 anos, é uma das adolescentes atendidas pela entidade. A estudante luta contra a depressão há 6 meses e já tentou suicídio, antes de procurar ajuda. Os amigos e a mãe foram os primeiros a perceber a mudança da jovem, que perdeu a alegria e o entusiamo, dando lugar a uma tristeza e um desânimo que pareciam nunca acabar. “Eu chorava muito, me sentia mal o tempo todo, muito mais triste do que feliz” afirma ela. Foi quando os amigos indicaram o CAICA, onde ela faz tratamento há 6 meses e já vê resultados “Me sinto bem agora. Ninguém melhora da noite pro dia, é um processo lento, mas a terapia é o principal contra a doença, só a medicação não adianta” conta ela.
A psicóloga Halinke alerta para que os pais fiquem atentos ao comportamento dos filhos “Ninguém acorda um dia e decide que quer se matar, eles dão indícios, deixam pistas, pedem socorro. Precisamos ficar atentos”. O preconceito que envolve a depressão, é um dos fatores que dificultam o diagnóstico e o tratamento dos jovens. Para A.K.S, o assunto não recebe a atenção e seriedade que deveria “As pessoas acham que é besteira, pra chamar atenção, mas não é. É uma doença séria, como as outras e precisamos falar sobre isso, apenas quando alguém tira a própria vida” afirma ela.
Confira a entrevista completa: