Quadrilha que furou bloqueio em Cristal foi a mesma que atacou agência em Santa Cruz do Sul
Informação apurada pelo Setor de Inteligência da Brigada Militar foi confirmada pelo comandante regional na manhã desta segunda-feira (29)
O assalto a uma unidade do Sicredi em Monte Alverne, localidade do interior de Santa Cruz do Sul, mobilizou o efetivo da Brigada Militar da região foi cometido pela mesma quadrilha responsável por furar um bloqueio da Polícia Federal em Cristal. A informação foi confirmada em entrevista à uma rádio de Santa Cruz do Sul na manhã desta segunda-feira, 29, pelo coronel Valmir José dos Reis, comandante do Comando Regional de Polícia Ostensiva do Vale do Rio Pardo (CRPO/VRP). Reis ainda confirmou que um policial militar será lotado no distrito.
De acordo com o coronel, a informação foi apurada pelo Setor de Inteligência da Brigada Militar do Estado. O grupo criminoso atacou a agência bancária em Santa Cruz no dia 1º de julho. Armados com fuzis, cinco bandidos renderam clientes e funcionários, fazendo um cordão humano com 15 cerca de reféns. Após o roubo, o grupo fugiu em vários veículos.
O outro caso ocorreu em Dom Feliciano, quando o grupo explodiu uma agência bancária no dia 6. Durante a fuga, dois veículos com placas de Lajeado voltaram para resgatar os assaltantes em Amaral Ferrador. Como o grupo era investigado por um roubo à uma unidade da Caixa Federal, a Polícia Federal realizou um bloqueio em Cristal. Na ocasião, duas mulheres morreram e um homem e o filho foram baleados. Mais tarde, o homem cometeu suicídio e a criança morreu no HPS.
O ataque à agência de Santa Cruz do Sul
Ataque à agência de Monte Alverne, no interior de Santa Cruz do Sul. Foto: Bruno Pedry – Divulgação
Um grupo de criminosos armado com fuzis atacou a agência do Sicredi, na tarde desta segunda-feira (1º), no distrito de Monte Alverne, em Santa Cruz do Sul. Os ladrões quebraram o vidro da agência com disparos.
Conforme o subprefeito Mauri Frantz, pelo menos 15 clientes e funcionários foram feitos reféns e obrigados a formar cordão humano. O coronel Valmir José dos Reis, comandante regional de polícia ostensiva do Vale do Rio Pardo, relatou que seriam de três a cinco ladrões, portando quatro armas longas e usando pelo menos quatro veículos na ação.
— O cerco está concentrado em todos os municípios que fazem limite com Monte Alverne (distrito de Santa Cruz do Sul) — afirma o oficial que solicitou reforço de helicóptero.
Na fuga, os ladrões levaram duas pessoas num carro, que seria um Onix vermelho — as vítimas logo foram liberadas próximo ao limite com Venâncio Aires. O veículo foi encontrado queimado na região.
— Por volta das 13h15min, ouvi barulhos. A gente vê bastante na TV, e tu está vendo essa gente parada com essas armas (fuzis). Depois, levaram os reféns, liberaram e graças a Deus não teve feridos — disse o subprefeito.
Ainda conforme o subprefeito, três pessoas foram encaminhadas ao hospital: uma por conta dos estilhaços do vidro quebrado pela ação criminosa, outra devido a uma coronhada na cabeça e uma terceira por ter passado mal.
A troca de tiros após barreira em Cristal
Duas mulheres morreram, e uma criança e um homem ficaram feridos em um tiroteio que ocorreu na madrugada do dia 17 de julho, em Cristal, na Região Sul do estado, após passarem por uma barreira da Polícia Federal.
A PF informa que estava na região monitorando o possível resgate de assaltantes de banco. “Policiais entraram em confronto com criminosos que tinham por objetivo o resgate dos responsáveis pelo ataque a banco ocorrido no dia 6 de julho, em Dom Feliciano”, diz a nota enviada à imprensa (leia a íntegra abaixo).
A PF acrescenta que dois veículos furaram a primeira barreira e, na segunda abordagem, houve confronto com troca de tiros. O homem que ficou ferido, também segundo a polícia, tem condenação por homicídio e estava em prisão domiciliar. O menino baleado é filho dele.
Em um dos carros envolvidos, a PF diz que havia armamento, que foi apreendido. Em entrevista, o delegado Alexandre Isbarrola, da Polícia Federal, falou à imprensa e disse ter certeza de que os veículos abordados estavam envolvidos no resgate.
Arma foi apreendida dentro de um dos carros que firou a barreira da PF — Foto: Polícia Federal/Divulgação
A prefeita da cidade, Fábia Richter (PSB), esteve no local dos disparos e ajudou a socorrer as vítimas. Segundo ela, as mulheres que morreram estavam em dois carros. Um delas estava dirigindo um veículo e a outra era carona do segundo automóvel.
Durante a manhã, os nomes das vítimas foram confirmados pela Polícia Civil. São Daniela Weizemann e Aline Pirola, que era estagiária na Prefeitura de Lajeado.
“Eu estive no local, uma [mulher] em cada carro, uma na direção, e outra na carona. Me passa a ideia de que eles estavam tentando, assim, furar o bloqueio numa condição de família. Na verdade, eu acho que a polícia vai esclarecer melhor isso”, diz a prefeita.
“Eles tentaram furar o bloqueio (…) Eles furaram o bloqueio, e daí na passada teve reação”, acrescenta.
O homem e o menino, de 4 anos, que ficaram feridos, foram levados para o hospital de Camaquã. A criança foi encaminhada ao Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre e não resistiu aos ferimentos. O homem identificado como Marcos Luis Berghann, 34 anos, foi encontrado morto em sua cela, dentro da Superintendência da Polícia Federal (PF) em Porto Alegre, no dia 18 de julho.
“[Eu fui] dar um suporte, apoiar a equipe. A gente sabia que podia ter mais uma vítima, enfim. Uma situação um tanto diferente. Tinha criança, e a criança era uma criança pequena, estava numa cadeirinha de bebê. A equipe do Samu acabou trazendo a criança na cadeirinha”.
Essa outra criança citada pela prefeita tem 2 anos, e estava consciente. Ela estava em um dos carros envolvidos. “A gente precisava dar apoio. Saber pelo menos o nome dela”, afirma Fábia.
“Nós ouvimos os tiros, aí criou um pânico na cidade. Até porque, à distância, nós acompanhamos, na semana passada, a busca de alguns assaltantes aqui ao lado de São Lourenço. Acompanhávamos à distância essa situação de Dom Feliciano. Então, quando teve isso, [a população] levou um susto, achou que podia ser um assalto a banco, enfim. Mas cidade pequena, todo mundo se comunica”, acrescenta a prefeita.