Se a agricultura sofre, a cidade também sente e até o cafezinho do escritório pode ser cortado

O preço do café assusta os desavisados que vão até as prateleiras dos supermercados com o objetivo de repor o estoque do produto. Em Camaquã, encontrei estabelecimento vendendo 500g de café extraforte a quase R$ 40,00. No entanto, o preço alto não é ganância, como muitos são induzidos a pensar.
Os preços de alimentos estão geralmente associados aos resultados das safras. A do café, por exemplo, foi muito ruim. Brasil e Vietnã, principais produtores de café do mundo, enfrentam condições climáticas desfavoráveis. Em Minas Gerais, houve um recorde na produção de café em 2020, mas desde então o estado passou por mudanças drásticas no clima e enfrentou secas. O impacto na safra de 2025 é estimado em até 35%.
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Além de quebra na produção, houve aumento no consumo. Entre novembro de 2023 e outubro de 2024, o consumo da bebida no Brasil cresceu 1,11% em comparação com o período anterior. Foram 21,92 milhões de sacas consumidas pelos brasileiros, mas as exportações também foram altas: no resultado anual, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) contabilizou um volume recorde de 50,44 milhões de sacas de 60 quilos. Tudo isso contribuiu para o aumento do preço, chegando a quase 40% nos últimos 12 meses.
O fator especulativo também resulta em alterações no preço. O café, segundo o consultor de mercado ouvido pela revista Globo Rural, sofre fortes impactos no mercado financeiro. O preço varia conforme a “aposta” dos participantes e eles tomam suas decisões principalmente com base nas estimativas. Por este fator, se houver estimativa de produção maior na próxima safra, o preço pode voltar a reduzir.
O café está presente na rotina dos brasileiros independente da classe social e só se manterá assim se o preço for acessível. A boa notícia é que a bebida está entre os itens que terão imposto zero a partir de 2027, quando entra em vigor a nova reforma tributária aprovada em 2024.
Para curto prazo, não há expectativa de mudanças no preço.
Em resumo, se a agricultura sofre, a cidade também sente e até o cafezinho do escritório pode ser cortado.
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Pablo Bierhals | chefe de redação do Clic Camaquã | contato @ cliccamaqua.com.br