Pescadores artesanais do Estuário da Lagoa dos Patos podem ter futuro impactado com proposta de cota para pesca da tainha

A pesca artesanal da tainha está na mira do Governo Federal. O Ministério da Pesca e Aquicultura apresentou no dia 4 de fevereiro a proposta final do governo para a safra de 2025 e limitar a pesca no Estuário da Lagoa dos Patos em no máximo duas mil toneladas por ano é um dos objetivos. A medida é criticada pelo setor.
A pesca na lagoa é liberada por oito meses, com cerca de três mil pescadores ativos. Os outros quatro meses servem para proteger a reprodução e o desenvolvimento do peixe. Isso significa que, em média, cada pescador poderá pescar 83kg por mês. Em conversa com pescadores, constatei que o quilo é vendido por R$ 4,00 para indústria. Em razão do valor que é pago, a quantidade que pode ser pescada é considerada irrisória.
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Depois da proibição da pesca do bagre, em 2014, a tainha passou a ser uma das principais fontes de renda de pescadores da região, como é o caso da Colônia Z8, presidida por Ivan Kuhn, com quem também conversei. Ele explica que as lideranças defendem a manutenção do regulamento já existente que define questões como o tamanho de malha e braças de rede e Licenciamento Ambiental Anual, sem a criação de uma cota.
O presidente da colônia também me explicou que a pesca da tainha na lagoa possui desvantagens em relação a pesca no oceano. A água é doce e a safra da tainha depende de condições climáticas favoráveis ao salgamento. Além disso, o pescador da lagoa não tem muitas opções de espécies liberadas para pesca, diferente dos pescadores de Santa Catarina, por exemplo, onde além da maior variedade de peixe, existe a pesca industrial com grandes embarcações. A cota é de 50 toneladas de tainha para cada um dos 12 navios pesqueiros.
A proposta, mesmo sendo do Governo Federal, também desagrada lideranças regionais do PT. O deputado estadual Zé Nunes, que preside e Frente Parlamentar em Defesa do Setor Pesqueiro, questiona se a cota é justa. Ele afirma que, antes de criar cota para pesca artesanal na Lagoa dos Patos, é preciso discutir a pesca industrial da tainha ovada em Santa Catarina. Além disso, o setor defende que sejam apurados dados mais confiáveis antes de qualquer decisão que possa impactar a realidade dos pescadores artesanais gaúchos.
O tema foi assunto do Fórum da Lagoa dos Patos, em Rio Grande, e deve seguir em pauta nas próximas semanas.
Pablo Bierhals | jornalista do Clic Camaquã | contato @ cliccamaqua.com.br