Camaquã não está livre dos efeitos da mudança climática
Quando um ciclone devastou a Região dos Vales em setembro de 2023 e depois se repetiu em maio de 2024 também atingindo fortemente a Região Metropolitana com as cheias dos rios que desaguam no Guaíba, assim como parte do Sul e Costa Doce com a cheia da Lagoa os Patos, se pensou e se falou sobre a localização privilegiada de Camaquã, que pouco sentiu diretamente estas catástrofes.
Escrevo “pouco sentiu” porque a cheia do Rio Camaquã afetou diretamente algumas famílias na região da Várzea, sendo o restante da população indiretamente afetada por bloqueios de rodovias e outros transtornos. No entanto, Camaquã não teve bairros devastados e nem óbitos, como em outros municípios gaúchos.
Agora, com a microexplosão de quarta-feira (25) que danificou mais de 500 casas e deixou dezenas de pessoas desalojadas, além de comércios, estradas e lavouras fortemente afetados, constatamos in loco que “desastre climático” não é só através de cheias de rios ou queimadas, mas também diversos outros fatores.
Se antes as pessoas diziam “esse calor é normal”, “esse frio é normal”, “essa chuva sempre teve”, agora já se ouve “nunca vi tanto estrago assim”. E não se pode dizer, em uma tentativa de amenizar, que as casas foram construídas em locais inapropriados, pois uma microexplosão não depende diretamente do terreno para acontecer. O vento, por exemplo, atingiu moradias e comércios em quase todos os bairros, todos com características diferentes.
Não sei se ainda há tempo para reverter o quadro do nosso planeta, mas certamente ainda podemos remediar ou ao menos retardar os graves efeitos da mudança climática que, neste momento, nos leva rapidamente para um abismo de tragédias. Já passou da hora de encararmos de frente essa verdade escancarada.
Pablo Bierhals | chefe de redação do Clic Camaquã | contato @ cliccamaqua.com.br