A HISTÓRIA NÃO CONTADA DO BANCO DO BRASIL DE CAMAQUÃ (XIX) – O retorno
No capítulo anterior narrei o tempo em que ocupei cargos internos na agência local do Banco, com vistas a fazer carreira. Objetivo normal de todo aquele que ingressa em um emprego. Máximo quando emprego público. E esses muito mais atrativos quanto à carreira naqueles anos dourados.
Repito: quando ingressei no início da década de 60 ele vinha de um período charmoso em que, fazer parte daquela instituição era atraente pelo salário outorgado aos funcionários. Em especial com o tempo de serviço que trazia, desde os anos 40 e 50 um “quadro de carreira” que permitia acesso às posições mais vantajosas. Ocupando cargo ou apenas como escriturário.
Então fui titular de dois cargos informados no artigo anterior: caixa e ajudante de serviço. Naquele substituía o último. Nesse substituía o chefe de serviço. Cargos que, conforme antes narrado, ocupei a partir de 1965.
Desejava cursar a Faculdade de Direito o que ia fazer em Porto Alegre quando, pelo concurso, culminei em assumir em Camaquã. Assim e aconselhado por um bravo colega da época, Antônio Evanhoé Souza, que também depois se formou em Direito e como bom pelotense retornou para sua terra ainda como bancário. E lá reside até hoje. O curso então foi na Faculdade de Direito Federal de Pelotas. Durante os cinco anos que lá estive houve a criação da Universidade Federal.
Durante todo o curso houve deslocamento, porquanto as aulas eram somente presenciais. Inexistiam meios de comunicação que permitiu neste século XXI as chamadas “aulas virtuais”, quando a “pandemia” nos atingiu. Então era estafante porque se aproveitava o tempo fora dos horários de trabalho. Cursos superiores à distância não aconteciam naqueles tempos.
Formado continuei no cargo de ajudante de serviço e substituto do Chefe Napoleão quando o Luiz Carlos, mais antigo, não estava. E, depois quando ele foi para o comando do setor de Cadastro. Aí que substituía o bravo amigo Kasprzak era eu.
Formado em Direito e com o devido registro na OAB, este efetuado ainda durante a Faculdade, portanto em 1970, em princípio não podia advogar. Até pela absoluta falta de tempo. Havia o: tempo integral dedicado ao Banco de oito horas por dia face ao cargo de chefia.
Todavia não queria deixar de cumprir a profissão. Pena de, depois, perder o élan ou, até mesmo, esmorecer o conhecimento. Junto com uma colega de Turma e de serviço, Carmem, embora esta não tivesse cargo e sim trabalhava como escrituraria comum, prestávamos ajuda, nas horas vagas, ao colega Sady Dornelles Pires. Colega do Banco com cargo de advogado, o qual existia em algumas agências. Durante certo tempo teve na nossa.
Quando o Sady foi transferido para Porto Alegre a Carmem geriu seu escritório. Mas minha disponibilidade de tempo não permitia. Então decidi largar o cargo de ajudante de serviço e voltar ser escriturário simples. Afinal já era Escriturário letra E, o que significada bom avanço na carreira geral. Deixaria a carreira administrativa.
Advocacia na época era atrativa. Poucos causídicos em Camaquã e o Foro com dois Juízes só abrangia nosso Município. Não havia nem mil processos que, por isso tramitavam rapidamente. Desta forma, em 1974 solicitei dispensa do cargo, retornando ao serviço de simples escriturário. Em seguida me remeteram a bater cédulas rurais de financiamentos na CREAI. Seis horas por dia; então o tempo que sobrava passei a advogar.
O gerente de então, Dr. Waldir Prá Baldi, que era formado em Direito me disse:
“eu preferi fazer carreira no Banco; mas tu sabes o que é melhor para ti”.
Foi o que fiz: o retorno ao quadro de escriturário.
EDIÇÃO de 08 de março de 2022.