Homem-Aranha – Através do Aranhaverso

Vou começar falando que mesmo estando no segundo filme, essa trilogia já é a melhor do universo do homem aranha e caminha a passos largos para ser uma das maiores da história do cinema, Homem-Aranha através do Aranhaverso é uma aula de cinema: direção, fotografia, efeitos sonoros, timing cômico, traços, direção de arte e roteiro, nisso eu coloco desenvolvimento de personagens, tanto os principais quanto alguns coadjuvantes… Tudo absurdamente bem feito.
Após o lançamento do revolucionário “Homem-Aranha no Aranhaverso” (2018), que acompanha Miles Morales como o novo Homem-Aranha, após a morte do Peter Parker do seu universo, o garoto tem que assumir o manto do amigo da vizinhança.
O segundo longa da trilogia inicia no universo da Gwen Stacy (obviamente a que apareceu no primeiro filme), mostrando todos os seus conflitos pessoais, além de uma nova forma visual de entendermos seus sentimentos, utilizando uma técnica de animação muito interessando, onde percebemos a nuance seja algo positivo ou não, cores quentes demonstrando amor, raiva e corres mais frias demonstrando tristeza, decepção e medo. Falando assim não parece algo novo, mas diferente do que já vimos antes, essa animação molda tudo a sua volta, cor do cabelo, os traços e até quem compõe a cena.


Estou tentando não ser tão exagerado, gosto do universo de super heróis, tenho excelentes memórias de quando assisti no cinema “Batman: The Dark Knight” (O Cavaleiro Das Trevas, 2008) , Logan (2017)e The Batman(2022), gosto do último Guardiões da Galáxia, mas não entra lista, todavia nada se compara ao que senti assistindo aos dois filmes do Miles no Aranhaverso, é tão diferente, tão bom, tão inovador, não digo que seja melhor ou pior que os citados acima, é como se estivesse em outra esfera.
Existe uma representação visual, uma marca forte nesse universo, temos um homem aranha negro, de origem latina que busca se entender e achar o seu lugar no mundo, buscando não decepcionar os seus, em outro universo temos a Gwen, que após perder o seu melhor amigo acabou se fechando, criando uma proteção para evitar se machucar novamente, também temos o Peter, mentor do Miles, que após conhecer o garoto se achou, no primeiro longa estava depressivo, triste, desmotivado, completamente perdido. De uma maneira ou outra, seja com um homem-aranha ou mulher-aranha, acabamos nos identificando com alguém. Comentei no texto sobre Guardiões da Galáxia: Não existe vilão ruim, o que temos, e muito, no universo da Marvel são vilões mal explorados, mal desenvolvidos e trabalhados, exemplo de Kang (Homem Formiga 3). O Mancha, vilão deste filme, também é um ser interdimensional, com poderes muito interessantes, representa uma ameaça real para o Miles e para todo o universo, em outras palavras: é muito bom, muito bem feito, entendemos suas motivações, seu crescimento e principalmente seu objetivo. Ele tinha tudo para ser um electro (O Espetacular Homem-Aranha 2 – A Ameaça de Electro) ou um Ultron, vilões que por mais fortes que fossem, eram bobos e ruins, mas um roteiro bom resolve tudo, independente do tempo de tela.

Já falei sobre o Mancha, sobre a Gwen, falta o nosso protagonista Miles. “Todo mundo fica me dizendo como a minha história deve ser, não, eu vou fazer do meu jeito”. Diferente do primeiro filme onde ele buscava entender mais sobre seus poderes, o que significa ser um Homem-Aranha, nessa trama temos seus conflitos e forma como ele tenta conciliar esses dois mundos, Miles Morales estudante de 15 anos, pronto para ingressar na faculdade, buscando uma boa relação com os seus pais e tendo que mentir, pois tem medo de como eles reagiriam se soubessem que ele é o super-herói amigo da vizinhança. Ele tem total controle sobre os seus poderes, está muito mais maduro, porém se sente só, sem o seu tio e tendo que mentir para os seus pais. Muito da sua motivação está em encontrar a Gwen novamente, uma das poucas pessoas que entende e consegue compreende-lo.

O filme é totalmente do Miles, a Gwen tendo um sub protagonismo, o Mancha tendo seu tempo de tela, como o Peter, além é claro do Miguel O’ Hara (Homem-Aranha 2099) e a Mulher-Aranha Jessica Drew, que são importantes nesse longa, mas eu acredito que ainda temos coisas importantes para vermos dos dois, O Homem-Aranha 2099 é o grande cabeça da Sociedade Aranha, entendemos bem suas motivações, que justificam os seus atos… não vou me aprofundar muito sobre ele. Desse Núcleo Aranha ainda temos o Hobie Brown, o Spider-Punk ou Aranha-Punk e o Pav, Homem-Aranha indiano, vou citar apenas os dois pelo tempo de tela e importância, funcionam absurdamente bem, principalmente o Spider-Punk, que personagem bom, extremamente cômico e sarcástico, na medida certa, além de ter um estilo de animação surreal.

Esse final de semana vou rever o filme, ele é tão bom que merece isso. Digo em alto e bom som, ou letras na verdade, está sendo apresentado para nós uma das maiores trilogias do cinema, o primeiro filme é uma obra prima e eu pensei que seria impossível fazer algo próximo, do mesmo nível e lhes digo “Homem-Aranha Através do Aranhaverso” tão bom quanto, talvez até melhor, pois: É CINEMA. Se tiver a possibilidade de assistir no cinema vá, é um filme que merece ser visto numa tela gigante com um sistema de som completo, é uma experiencia absurda. Convide seus amigos, família, não irão se arrepender.