2ª temporada da série Nossa Bandeira é a Morte: confira a coluna semanal de José Ari F. Júnior


Por Redação/Clic Camaquã Publicado 25/10/2023
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Foto: Divulgação/HBO Max

Nos últimos dias estive tentando escrever um texto sobre: “Our Flag Means Death”, Nossa Bandeira é a morte” e tem sido uma tarefa difícil… Estou
odiando essa sensação de bloqueio, não por estar com dificuldade de escrever ou
qualquer tipo de limitação, mas pela forma de tratar os textos desta coluna. Comentei
anteriormente que não gosto de dar spoilers, ou me aprofundar demais nos filmes
e séries, uma vez que essas ações possam interferir na forma que o leitor irá
encarar a obra que estou dissertando, pois a minha maneira de analisar, ver e
expressar sobre elas, pode ser totalmente diferente de vocês, e o simples fato
de lerem a coluna antes de assistirem, possa tornar a sua experiência ruim.

Todavia tenho sido muito raso e simplório nos textos, isso
tem me frustrado, pois é impossível falar sobre “Nossa Bandeira é a Morte” de
maneira tão rasa, e a obra nem merece isso. Isso me fez pensar muito a respeito
do futuro da coluna, e resolvi ser bem mais “profundo” e sério, saindo assim desse marasmo. Falar dessa série é algo espetacular, muito atrativo para quem gosta do tema de piratas, está em alta após o lançamento do Live Action de One Piece, e quem gosta de história também tem aqui uma excelente obra para acompanhar.

Eu sou apaixonado por séries e filmes que fogem do padrão, porém que ainda assim carreguem qualidade, talvez por isso goste tanto das obras do diretor Wes Anderson, ainda preciso assistir “Asteroid City”(2023) e “A Crônica Francesa”(2021), e qualquer hora falo sobre o curta “A Incrível história de Henry Sugar” feito por ele que saiu mês passado na Netflix… (Voltando) Ideias que parecem ser bizarras e completamente malucas, mas ao serem colocadas na tela, através da mente certa, é a receita perfeita para um bom produto. Aqui não estamos falando de nada original, essa história já foi contada anteriormente, mas desta vez com um outro foco, e outro protagonista.

“Nossa Bandeira é a Morte acompanha um grupo de piratas, um tanto quanto inexperientes, que estão sendo liderados por Stede Bonnet(Rhys Darby), conhecido como o Pirata Cavalheiro. Bonnet nasceu em uma família aristocrata inglesa nas ilhas de Barbados durante a colonização britânica. Após o falecimento dos seus pais, herdou toda a fortuna da família… Anos se passam, Stede está casado, tem duas filhas, vida estabilizada, mas resolve abandonar tudo para viver o seu sonho de ser um pirata”. Essa é a sinopse na vinha visão.

O que me impressiona, é o fato dessa série ser baseada, inspirada em fatos reais… Stede realmente largou a sua família para se tornar um pirata, foi aprendiz de Edward Thatch, também conhecido como o famoso “Barba Negra”,  não “abandonou” totalmente os luxos da vida de aristocrata mesmo em alto mar, tinha uma biblioteca no seu navio,  pagava um salário, ou uma remuneração, para os seus comandados, não obrigava ninguém a ficar, seus saques a outras embarcações eram geralmente para obter comida e roupas, ouro e riquezas ficavam em segundo plano.

Foto: Divulgação/ HBO Max

Dito tudo isso, é hora de falar da série em si, produzida por David Jenkins e Taika Waititi, que na série interpreta o Barba Negra, Nossa Bandeira é a morte nada mais é do que uma sátira, baseada ou próxima dos fatos reais que foca no encontro do Pirata Cavalheiro com o Barba Negra, só que aqui a relação não é simplesmente de um aprendiz e mestre, mas sim romântica, e sim: isso significa que estamos falando de uma série LGBTQIA+, mas não é nisso que a série se sustenta, e sim na qualidade dos personagens e no roteiro, que são extremamente interessantes.

Esta é uma obra inteligente, que tenta adaptar diversidade e traz coração em uma temática que dificilmente consegue falar sobre isso, a série fala sobre depressão, melancolia, busca de significado na vida, seja de um aristocrata que é infeliz com o a sua vida e encontra no mar o que nunca sentiu na vida, que vai até um tripulante que busca de vingar de todo sofrimento que teve ao ser jogado ao mar pelo Barba Negra, mesmo fazendo o mesmo sofrer a mesma consequência, não tem nisso algo satisfatório o suficiente para seguir em frente. Essa é uma série que aborda muito a questão da felicidade e questões psicológicas, utilizando da comédia para não deixar o clima tão “pesado”, percebemos a forma como cada personagem vai evoluindo e se encontrando com o decorrer dos episódios.

A série começa lenta, e confesso que o humor incomoda ao longo dos primeiros episódios, pois estamos sendo apresentados aos personagens e ao ambiente,  e o foco do humor fica apenas no Bonnet, seus trejeitos, deboche da população com tudo que ele diz e faz e até o fato de “não saquearem”. Contudo assim que o Barba Negra aparece a série toma um outro rumo, pois fica mais crua, cruel, com mais ação e o humor fica no ponto certo.

Consigo enxergar muito de Ted Lasso nessa série, mas ela ainda não está totalmente afiada, tem momentos de genialidade no roteiro, contudo o andamento acaba prejudicando um pouco, e o fato de estarmos lidando com piratas, que na nossa visão são seres cruéis e insensíveis, faz com que essa vulnerabilidade que a série nos mostra se torne algo sublime, deixando o problema de andamento menos perceptivo.

A série se encontra próximo ao fim da segunda temporada, todos os episódios lançados até o momento estão disponíveis na HBO Max. Acredito que a série deva ser concluída na terceira temporada, pelo andar da carruagem.


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