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Os elementos identitários da torcida do filme Ainda Estou Aqui


Por Kathrein Silva Publicado 04/03/2025
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Foto: Elis Radmann/Colunista Clic

Leia a coluna de Elis Radmann, cientista social e política e diretora do Instituto de Pesquisa e Opinião.

A semana do carnaval de 2025 ficará para a história do cinema brasileiro devido à premiação do primeiro filme nacional a vencer um Oscar, na categoria de Melhor Filme Internacional com o longa-metragem “Ainda Estou Aqui”.

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Para uma boa parcela da sociedade, este prêmio não significa nada. Para os críticos de extrema esquerda, a validação de Hollywood não define a qualidade do cinema nacional e para os radicais de direita, o filme esconde um movimento político persecutório e “compromete a imagem dos militares que ajudaram no crescimento do país”.

Agora, é inegável que o longa se tornou um “filme-evento”, com muita torcida organizada, criando um ambiente de final de Copa do Mundo. Além de trazer visibilidade para o cinema brasileiro, o filme colocou os holofotes no drama de uma família atingida pela radicalização de uma ditadura, contando a sua história e suas dores.

E nos faz lembrar que não importa se a ditadura é civil ou militar, de direita ou esquerda. Ditadura é sempre ditadura, o pior dos sistemas de governo, que vem acompanhada de supressão de liberdade, violação de direitos humanos e, principalmente, repressão e vigilância constante, criando um ambiente de desconfiança e medo na população.

Mesmo tratando de um tema que ainda mantém sequelas e disputas políticas ativas, o filme emociona, sensibiliza, faz pensar e mostra que a cultura e o entretenimento podem motivar questões de integração, identidade e sentimento de pertencimento.

A força da torcida brasileira, tanto pela cobertura da mídia quanto pelas manifestações espontâneas da população nas redes sociais, mostra que o filme trouxe à tona elementos identitários que estavam adormecidos na consciência coletiva do país. Para além da sua relevância política e de seu propósito de instigar o conhecimento e a reflexão crítica, o filme mostra uma personagem inspiradora, que, mesmo passando por uma tragédia familiar e sabendo de seus limites, persiste na busca pela justiça e pelos direitos humanos, tornando-se um ícone de luta da memória e verdade dos abusos cometidos pela ditadura militar.

Significa dizer que o filme dialoga com a frase “sou brasileiro e não desisto nunca”, que é utilizada para motivar e inspirar a coragem, a força de vontade e a superação dos brasileiros.

O Oscar de Melhor Filme Internacional para “Ainda Estou Aqui” é uma acolhida deste sentimento de determinação e resiliência de um povo que persevera, mesmo com muita indignação, buscando formas de navegação social para superar os desafios, adversidades ou apenas sobreviver!

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